segunda-feira, novembro 27, 2006

Como absorver impacto.

Certa vez, meu head chef disse que eu era ótimo para absorver impactos : poderiam cruzar 150 comensais famintos pela porta e desde que eu estivesse por perto, no problem, ele sabia que eu iria me virar, gritar, correr ao restaurante vizinho emprestar salada e fazer centenas de sobremesas (resumo: me estressar por ele) - ganhei o apelido de "reliable Ricardo" alguma coisa do tipo "confiável Ricardo", até aí, eu já com a bola cheia já estava me achando a última bolachinha do pacoteç até que veio a conclusão - "Você consegue por ser levemente retardado com toques de demência". Não sabia como reagir a isso.
Atualmente, eu não só concordo com isso, mas tenho um certo orgulho do fato de ter problemas mentais quase sérios, me poupa de baques gigantescos às vezes, simplesmente ligo o foda-se e deixo minha consciência nocauteada (às vezes por àlcool, o que funciona em alguns casos) mas apesar de parecer canalhice, atesto, é simplesmente a praticidade de saber que não se pode fazer nada em dado momento.
Se alguém não acredita em você em qualquer situação que seja, por mais que você esteja falando a verdade, simplesmente esqueça o assunto. Quanto mais tentar convencer mais vai parecer mentira.
A outra grande utilidade dessa cara-de-pau é que eu poderia escrever um livro intitulado "Como dar más notícias em três lições" - esse trampo sempre sobra para mim, por mais que tente me safar.
Porque estou falando tudo isso ?
Sei lá, mas ultimamente comecei a reparar o que estar cercado na maior parte do tempo por gente que não conhece;se importa fez comigo nos últimos três anos. Espero tudo de todos, e nada mais me choca - muitas coisas mudaram muito... ...não tenho mais algumas curiosidades mórbidas, não me interesso muito pelo que não me toca, pelo que falam e pelo que não falam. Me interesso pelo que sinto pelas pessoas, e pelo que fazem por mim (ainda que seja só me fazer sorrir, já vale muito).
Continuo absorvente - porém nada tão íntimo.

sexta-feira, novembro 24, 2006

E vem os Girassóis...


Como bom cidadão paulistano, nos dias ensolarados eu ando dependurado na janela de meu carro pela megalópole (exceto pelo fato de eu não ser paulistano, claro) e no meu caminho de volta para casa passo pela Cerro Corá e outra avenida que não sei o nome.
Bem em frente da Ponteio Churrascaria da Lapa tem uma figura de uma mulher com uma cesta de vime, panfletos e uns Girassóis balançando ao vento enquanto aborda os motoristas dos carros, até aí, sem surpresa pois tem todo tipo de gente oferecendo todo tipo de coisas no trânsito de Sampa - desde guarda-chuvas passando por carregadores de celular e culminando no meu preferido : Mentex (aliás, cadê os Mentex ?).
Enfim, a figura fica paradinha encostada em uma árvore esperando a presa, desavisada, parar no semáforo trifásico que demora horrores, para poder chatear à vontade os pobres cidadãos. Chegou a minha vez : ela simplesmente não tem noção de espaço interpessoal ou privacidade - enfia a cabeça e os Girassóis dentro do carro e começa a balbuciar coisas sobre a Natureza começando sempre com "Você sabia que..." e oferece sementes em troca de um trocado qualquer para uma fundação dessas aí, mas sempre falando compulsivamente. Difícil é entender como ela consegue segurar a cesta, um panfleto enorme e ainda sim pegar o dinheiro ao mesmo tempo. Dei a merda de um trocado para me ver livre dela. Dia após dia, passava por lá e ela estava à espreita, apesar de me abordar com as mesmas frases catch a desgraçada nunca lembrava de mim e pelo fato de passar todo santo dia por aquele cruzamento eu saquei que a tal instituição do caramba não passa de caô puro, aquele era o emprego dela e pronto.
Até que um dia, exausto do trabalho e de saco cheio, estava eu ouvindo minha musiquinha e pensando na vida quando a infeliz enfia a cara dentro do carro (Girassóis inclusos) e começa "VOCÊ SABIA QUE AS PLANTAS..." eu dei um pulo e quase me agarrei ao banco do passageiro e mesmo assim, a louca desvairada continuou o rap dela sem nem se importar com o meu desconforto. Gritei de volta "E VOCÊ SABIA QUE... ...VOCÊ PODE MATAR ALGUÈM DO CORAÇÂO ASSIM ???" ainda assim, a idiota não parou de falar o script, quis matar.
Nos dias seguintes, antes de chegar ao semáforo, eu já começava a me sentir incomodado, avistava a FDP de longe e tinha que me enfiar na fila de carros mais longa, fechar os vidros e aumentar o volume do som no máximo e até fingir que estava no celular não adiantou - ela simplesmente não se tocava, nem lembra de você, mesmo dando um cheque de R$ 5000,00 hoje, ela vai enfiar a cara no seu carro como um camelo do Simba Safári e te pedir um real amanhã.
Até a fatídica tarde, em que estava chegando ao cruzamento e percebi que não havia carros suficientes para me esconder - ela saiu feito uma alucinada em direção ao primeiro carro que ela encontrou, eu ali, suando e olhando para as luzes, quando enfim o carro da frente conseguiu se livrar dela que agora olhava diretamente para mim e caminhando (tentei evitar contato visual) ela vinha, eu olhava para ela, olhava para as luzes, olhava para ela se aproximando em slow motion, luzes... ...a um metro da janela do carro, VERDE !!
Ela parou (na verdade parecia mais uma freada) eu olhei nos olhos dela e gritei "RÁ" e acelerei fundo com a satisfação infantil de vê-la estarrecida pelo retrovisor.
Depois disso, ela sumiu, fazem mais de duas semanas que ela deixou o posto dela vago para uma vendedora de cofrinhos de porquinho.

Todos tem que ter um inimigo, um nêmesis.

O meu, é a mulher dos Girassóis.

terça-feira, novembro 21, 2006

Robert Crumb




Gênio esse cara...

Os que sobreviverem ao Verão, verão.

Chega o Verão;

Eu, particularmente
não sou adepto à bronzeado (no meu caso uma queimadura de
segundo grau),areia fininha entrando na bunda e pés constantemente inchados entre
outras graças proporcionadas por esta época tão especial
para a grande maioria dos
brasileiros - simplesmente não me encaixo na descrição de um brasileiro típico e não
importa o que faça, não sou bronzeado,magro,bom dançarino e jogador de futebol.
Sou simplesmente uma aberração albina em um país de morenos e morenas (não estamos falando do Sul é claro,lembrem-se,o resto do Brasil é mais como o Norte do que o Sul).
Mas além das intepéries naturais,o Verão não passa de um pesadelo logístico.
Se você tem o desprazer de trabalhar em uma grande metrópole como eu,sabe o que é estar no trânsito a um calor de trinta e lá vai pedrada circundado por carros e ônibus expelindo calor puro diretamente em suas ventas (enfim, o advento do ar-condicionado chegou em minha vida,ou melhor,carro) e você chega ao trabalho ou ao cliente com aquelas indesejáveis bolas de suor embaixo das axilas de sua camisa recém saída do tintureiro - pode existir uma primeira impressão pior? Aliás,alguém me explique porque nunca o seus clientes estão no mesmo estado que você.
Os mais afortunados (com grana) se preparam para incríveis meses na casa de praia (Juquehy,Guarujá,Ubatuba,ou sei lá onde esse povo se esconde nessa época)sem a menor dor na consciência:recebem os amigos igualmente ricos e que não precisariam de hospedagem de graça,mas com tanto espaço sobrando e os empregados a postos, e custa fazer essa gentileza?
Já nós,pobres mortais,não podemos nos dar a esse luxo e são meses de antecipação, planejando e contando os dias,as horas disponíveis para se olhar para essa beleza da natureza que é o mar (que aliás, para a maioria, está em segundo plano).
Se possui uma casinha na praia então,é a glória total - leva já as latas de tinta,verniz anti-mofo,veneno para ratos, formigas,baratas,repelentes,filtros solares, a compra suficiente para um mês (só vai ficar uma semana),checa os pneus do carro, o óleo,e por aí vai... ...se pusesse tudo no papel,ia descobrir que dá o mesmo preço de cinco dias em Comandatuba com pensão completa.
Como praia é um horror de chata(não tem muito o que fazer além de beber, nadar e surfar para quem sabe)tem que convidar alguns amigos para animar o ambiente e é aí que o pesadelo logístico começa;a sua família geralmente já está inclusa no pacote e os amigos você precisa por perto para não atacar alguém a raquetadas de frescobol e acredite,até aí as coisas estão planejadas e previstas.
Mas existem os agregados.
Seu cunhado, primo,tio, etc... (um daqueles que não se dão com ninguém)precisa levar um casal amigo para que paz possa reinar na oca,e você,óbvio,concorda aliviado por não ter que organizar socialmente as diferenças - seus amigos,casados e com filhos precisam levar a sogra para olhar a petizada enquanto eles saem à noite para encher a cara e esquecer que são casados (e a sogra conversa com quem enquanto isso? precisa levar alguém para socializar com a sogra)e quando percebe aquele grupinho de oito pessoas agora será de 23 para ocupar os parcos três quartos da casa e dependências. Graças a Deus você construiu o quartinho puxado,o terceiro.
Na hora de ir para a praia,acordam todos às sete com as crianças pulando ansiosas para brincar na água (pranchas, bóias e demais apetrechos nas mãos)isopores sendo
carregados com suquinhos,bolachinhas e Cheetos em cada um dos oito deles tem mais ou menos 5 Kgs.,e pensar que tudo que você leva à praia é uma toalha,livro,filtro solar,cigarros e R$ 20,00, mas ir a pé agora nem pensar.
Chegam na praia às 11:30 hs da manhã carregando bóias,piscininhas,Guarda-sóis,garrafas d'água e 35 cadeiras, parecem uma equipe de filmagem do Senhor dos Anéis em plena praia,que aliás está lotada e não tem muito espaço para acomodar tantos e tantas coisas. As crianças estão correndo por todos os lados e os pais, atrás como perdigueiros preocupados(ou melhor, as mães)durante a primeira hora e meia debaixo do Sol escaldante enquanto os papais,felizes,enchem a cara de cerveja e observam as mulheres que não são as deles passarem em seus sumários bikinis. A vida agora é bela.
Após acalmar os guris e enfiá-los na piscininha inflável,as mães percebem que seus maridos estão mais relaxados e assanhados que de costume e imediatamente você,o amigo solteiro,vira a bússola para saber em que direção os maridos irão olhar e,mesmo que esteja lendo seu livro em paz,será o cara que puxa a fila para a sacanagem (imediatamente,o inimigo).
Após algumas discussões entre os casais,muita cerveja e as crianças agora choram de
vontade de ir para a casa,já são quase 16:30 da tarde e todos estão morrendo de fome - então recolhem seus 564 kgs.de carga aos carros e vamos atrás de nossa sagrada
refeição. Nenhum restaurante parece ter lugar para acomodar 15 adultos e 9 crianças e ficam de porta em porta em busca de qualquer(atenção, QUALQUER)lugar que acomode todos com um mínimo de conforto,geralmente,encontram um restaurante mais vazio que estará assim ou porque é muito ruim,ou porque é muito caro(senão ambos).
Todos tem gostos diferentes e pedem ao mesmo tempo,as crianças impacientes saem
correndo pelo lugar para desepero do staff,carregando suas pranchas e skates enquanto garçons olham para toda essa zorra como se fossem a escória do inferno.
Altas peixadas,cerveja rolando,por breves momentos estão todos felizes e satisfeitos até chegar a conta - sacam-se calculadoras das bolsas e se faz necessária uma assembléia para definir qual idade de criança paga,quais não pagam,se quem bebeu cerveja paga mais(e os sucos a quase R$ 5,00 cada?)e depois de horas de discussão,todos estão sonolentos e ardendo;hora de ir para casa carregando as crianças que no decorrer da discussão desmaiaram de cansaço. No final das contas ,você,solteiro e único morreu com R$ 55,00 pelo seu peixe grelhado e uma caipirinha.
Ás 19:00hs,após descarregar os 564Kgs,rola o êxodo aos dois banheiros - crianças e
mulheres primeiro e ás 22:00 hs.(você não tem crianças e não precisa dormir ao mesmo
tempo que ninguém)o banheiro será todo seu desde que não se incomode em chutar os brinquedinhos de borracha,pisar em toda areia deixada para trás enquanto tem visão
privilegiada de bikinis e cuecas/bermudões pendurados ao redor de você;pingando por
todos os lados,é óbvio.
Após o banho,todos estão dormindo e você está na sala (sem TV,está no quanto das
crianças com o DVD)na maior das solidões lendo uma Contigo de 1998(nem lembrava com quem a Luana Piovani saía na época)e resolve sair, porque não?
Chega na rua meio amuado,sozinho e resolve sentar naquele botequinho ajeitadinho,com mesas fora e som nada mais que ambiente e de cara pede uma caipirinha,se arrepende e muda de idéia : pisa fundo e manda whiskinho puro com muito gelo enquanto observa o povo bonito e bronzeado de vinte e poucos passar e lembra de como a vida era descomplicada,sente até uma ponta de inveja daqueles amigos e amigas passeando à
tôa sem grana para fazer o que você está fazendo e sabe exatamente onde eles estão indo: no primeiro boteco pé-sujo tomar a cerveja mais barata (muitas) antes de ir para a praia se esticar na areia e das uns beijos sentados nas cangas das meninas.
Conhece algumas pessoas,até rola uma paquerinha mas vai levar a linda aonde? Cada cômodo da casa está ocupado e pode pegar mal com a esposas dos amigos - que remédio, dá um beijinho no rosto e se despede na certeza de que nunca mais verá a oportunidade (aquela).
Chega em casa,capota na cama com a certeza de que amanhã vai ser tudo igual.
No dia seguinte,todos acordam,o caos está armado e todos estão carregando os carros
para ir embora,você se esqueceu que tem mais dias de folga e por alguma razão você não deixa a casa até que horas depois todos se foram.
Despede-se,fecha a porta e se vira e vê a casa silenciosa - vazia.
Se dá conta que todo o barulho,as risadas,os gritos se foram - e sente-se a pessoa mais solitária do mundo.
Vai entender.
Percebe que vai passar um filme legal na TV - pega uma cerveja solitária que ninguém quis na geladeira e vai se acomodando, uns salgadinhos...

E pensa que poderia estar em casa, fazendo igualzinho.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Vida nova, de novo.

Bem, devo dizer que estou de volta, desta vez tentarei ser mais coeso (apos meu quase enlouquecimento na NZ) e quero fazer a diferença (ou pelo menos causar um pouco) mas não tô afins de falar apenas sobre eu mesmo - a cidade em que vivo (que está famosa pelo maior índice de criminalidade de SP), as pessoas, o que fazem o que não fazem e porquê (continuo observando como a eterna testemunha) e até usando isso para entender as minhas próprias razões, mesquinharias e pisadas na bola em geral.
Sou ainda o Rei em falar a coisa errada na hora péssima - não importa em que linguagem; talvez perguntar que fim levou a namorada em francês soe um pouco melhor (ou pior), então vou tratar de comprar um livro.
Na real, ainda fico ofendido quando me perguntam porquê não deu certo na NZ, se eu guardei dinheiro, se eu estava pobre e desesperado o suficiente para sair do Brasil (tá, nunca fui rico mesmo...) mas pela última vez - NÃO EU NÃO GUARDEI GRANA (USEI PARA VIAJAR, BEBER VINHO,ENFIAR AONDE BEM ENTENDER), NÃO FIQUEI ILEGAL NEM UM MINUTO, NUNCA TIVE A INTENÇÃO DE GUARDAR DINHEIRO - fui viver, fazer alguma coisa para contar aos netos. Eu gritarei isso novamente muito alto quando perguntado.
Por agora, me contentei em dar o primeiro passo de volta, espero que balguem volte a ler esta droga...

Um grande abraço e nos veremos mais.

quinta-feira, maio 25, 2006

Falha aqui.

Putz, eu sei... ...sou o mestre em intercalar posts em uma ordem nada a ver.
O problema é que eu levo dois meses chegando, minha estapafúrdia vida está mais estapafúrdida ainda e eu mal consegui pôr a casa em ordem devida à grande falta de iniciativa e da grande quantidade (aliás, paquidérmicas) de cerveja ingerida nos últimos dias - porra, todo quanto é lugar que eu apareço esse povo me dá comida e cerveja como se minha vida fosse acabar amañhã (vai que estão certos).
Comprei um Corsinha (o herói da resistência) cuja dona nunca levou sequer para ver um mecânico - branquinho, quatro portas e tem até umas frescurinhas como vidros e travas elétricas mas... ...puta carrinho feio. Me leva de A a B, não desmonta na lombada e gasta bem pouquinho então Deus salve ele em toda sua branquidão.
Odeio carro branco. Apelidei de táxi.
Amigos, vi os mais próximos de mim, os de fora não deu ainda por pura falta de tempo e coisas para fazer (não viajo sem ter mais de um motivo para estar em São Paulo) então fico aqui em Ibicityo curtindo um clima pré-romaria e festa de São Sebas me endividando com cavalo, ferradura, churrasco e me ferrando a ajudar na organização do evento.
Tenho um casamento logo e preciso perder 7kgs - ou é isso ou comprar mais um terno que vai ficar encostado no armário que nem um cadáver. Não é só pão-durice não, o que eu tenho é da Brooksfield, deve valer uns 500 paus hoje no mínimo, além de economizar essa baba, vou ficar magrinho. Mais economia com comida, dá até para comprar uns sapatos novos. Tenho que ir, mais tarde eu termino a saga.

quinta-feira, maio 11, 2006

Tahiti !!!

I know I postponed this entry by pure lack of... ...disposition ? Imagination ? Time ??? I just couldn't be f*cked to write right now.
Well, left Auckland under a gray and wet sky, the same way I got there first place and nearly exactly the day I came three years before : all by myself and without goodbye kisses at the airport, ironically for me, my life seems to go on full circles all the time. Let's move to good stuff anyway...
The flight was calm and I got a seat all for myself (no fat people or kids around - nothing personal but during flights I prefer not to be squashed or kicked on the back of my seat) so I can say that the first step was quite successful; we landed on a very dark spot with lights following alongside the bay and everything seemed to be faraway from the rest of the world somehow. Great, I left New Zealand to find a more deserted spot as if that was possible.
Outside the plane, everything seemed a mix of modern and ancient, totems and wooden sculptures and my heavy clothing from NZ started to overheat under the 30 degrees outside (it felt like a hair dryer directed over your face) and my heavy three-year-luggage didn't help at all on my way to customs... At customs, of course my magnetic bad luck attracted the officers who asked me to open every suitcase and bag possible (my knifes and uniform caused some disturbance) but after some half an hour I was released to find my transportation, outside the gates were people giving us flower collars which confirmed my suspicions : "must be expensive".
I wasn't dissappointed.
The driver was waiting outside with a sign and as usual, my name was spelled wrongly (how hard is to spell SILVEIRA ??) but he was friendly and charged a honest price for the ride which I could say based on my latest trips as nearly miraculous - something must be very wrong, my life is just not that perfect.
Inside the van, I met Erin (New Yorker coming from OZ) and Daniel from New Zealand, felt pleased to have already mates at the Lodge to talk, at least after we passed the unconfortable first introductory moments which I never know exactly how to act (I have a tendency to over-talk to cause a good first impression,of course, usually doesn't work) but we're looking forward to see the Taaroa Lodge, our destination for those next following days - after ending at some nore than freaky hostels in New Zealand I started to keep my expectations low, some of the places nearly had an corpse-shaped drawings in the middle of the rooms, very arty but distasteful if you intent to spend some nights around. Mice are not necessarily a bad sign for me after all...
The Lodge's site was immersed in the dark but we could clearly see the surrounding garden, the main dorm is a giant-shaped bungalow that seemed very new and clean for our silent relief; I was still tense about my lack of money and trying to figure out what would I do in a place that charges nearly US$ 4,00 for a Coca-Cola can, specially because I really apreciate a good beer at any time of the day while on holidays, then I saw the girls, hawaiian girls more precisely, three of them at the open kitchen drinkin' profusely - Shannon is a Barbie-looks lifeguard (every man's dream since Baywatch came out), Deb's a red-headed and freckled beautiful surfer and Kisha, the brunette with her glowing smile and sort of latin beauty; all now half-drunk, they were at that very moment, the dream team of every man alive : gourgeous, Surfers and drunk.
Ralph Sanford welcomed us with a brief explanation about the place, he is a world-class longboarder and a legend - he runs and owns the place for the last ten years at least and surfers all over the world rather stay there than any five-star hotel in the island because of him. It took me a bit of time to win his confidence but after you make friends with him, you simply love the guy no matter what he jokes about... well, everything about you, basically.
Threw my bags around the place and was immediately carried to the town, with the girls, Daniel and Robert (which actually drove us there) which reminded me very much of Jackie-Chan, for some beers and some clubbing. Erin preferred to stay in.
Quick stop to pick one of the most beautiful tahitian girl I've seen and off we went.
To be continued...

domingo, abril 02, 2006

Último dia !

Não tava nem um pouquinho afins de escrever mais no blog, mas tá chovendo pracas lá fora e só tá passando merda nos vários três canais de TV daqui (vide post anterior) então não tenho saída - preciso me entreter.
Na real, é mais um desencargo de consciência pois meu bebê (o micro) irá ser carregado por seres mágicos e teleportado até minha casa no Brasil amanhã (assim quero acreditar, ao invés de dois brutamontes com barba por fazer, que irão carregar meu micro amado até um caminhão imundo e fazê-lo voar dentro de um compartimento de avião)então acho que essa é a despedida derradeira de minha vida eletrônica por aqui.
Hoje foi meu último dia de trabalho - cheguei às quatro da matina como manda a empresa e fui achando que esse seria mais um daqueles domingos teta, quase nada para fazer, poucos pedidos e muita cossação de saco para meu último dia. Alegria de pobre dura muito pouco mesmo.
Os pedidos vieram estratosféricos e a quantidade de comida para repor na geladeira (esta semana os outlets estupraram minha geladeira) era simplesmente desolador... ...que porra de último dia foi esse ?
Corre daqui, corre de lá, mas a ficha de que era o último dia ainda não tinha caído, não tive tempo de assimilar durante a última semana por estar sempre ocupado ou cansado, sei lá, mas foram os últimos minutos de uma dramaticidade mexicana.
Não sabia bem o que fazer, falar um tchau geral,abraçar todos, não abraçar... ...quem quis me abraçou, quem não quis ficou de mandar e-mail, mas falar tchau para pessoas que possivelmente você nunca mais verá na vida é complicado demais, eu já devia estar acostumado mas não.
Oscar, por sua vez pôs a mão no meu ombro e disse que vai sentir minha falta (vindo dele, é o mesmo que um abraço apertado e um beijo no rosto, acreditem) pois chef não abraça e não tem emoção - a gente cozinha e odeia o mundo fora da nossa cozinha.
Na Sexta-Feira, fomos tomar umas biritas no Palace pela minha despedida, da mulher da padaria também e de mais um cara que nem lembro o nome (e que não apareceu) então o povo resolveu fazer uma "gang-bang drinking" com todos reunidos e bebendo as custas do executive Chef que faz uma baba por ano e todos esperam que pague (Amém).
Comecei a beber às três da tarde e lá pelas 8 já estava babando de bêbado - cada pessoa que me via me pagava um shot de tequila (um por um) chegavam pra mim e falavam "fulano quer tomar uma tequila com você" e eu ainda estava me recuperando da última "aonde que ele estava há dez segundos atrás, quando eu virei o último ?".
No final, consegui ir embora antes de dar um vexame e me arrastei até minha casa de onde acordei para trabalhar as três da manhã numa ressaca violenta no Sábado.
Terei mais uma noite de bebedeira com Jake, Vanessa e mais uns amigos chegados pois eles estavam trabalhando na Sexta e não puderam comparecer.
Tenho muita grana para receber de depósito de apartamento, da venda das minhas tralhas e ninguém pode me pagar antes da minha partida - agora ferrou de verdade.
Pelo menos vou receber da Skycity antes de ir embora.
Deus me ajude.

Me desejem sorte e até o Brasil.

Blog do Giovani




Mais um blogueiro na área - Giovani Cabeleireiro, lembram dele ??
Nao ?? F@d@-se, entra lah e da uma espiada para ver o que ele anda fazendo.

Blog é isso, é cooperação, é união, é propaganda enganosa gratuita - salvem os blogueiros carentes...

http://giovanibc.blog.terra.com.br/

Se quiser marcar hora, acho que dá pelo blog...

Giovani - valeu muito pela força que vc tem me dado, um grande amigo desses não aparece do nada - é preciso muita cerveja e conversa fora até chegarmos nesse estágio.

sábado, abril 01, 2006

Do que não irei sentir saudades.



Pois é, agora tenho que ver o lado bom - as coisas que precisam seriamente serem deixadas para trás.
Uma delas são as propagandas de rádio (ligado o tempo todo em todas as cozinhas que trabalhei), são péssimas, hoje mesmo ouvi uma de uma advogada oferecendo seus serviços pelo rádio (multas de trânsito, entorpecentes, delitos médios e graves, salgadinhos em geral) o detalhe é a voz da fulana : fina, estridente e tão irritante que chega a doer em meus ouvidos. Cada vez que ouço imagino essa mulher, de cabelos armados, cheios de mousse ou sei lá o que essas mulheres usam para parecer o Rei Leão, roupas com espampas floridas grandes,uma grande pasta cheia de adesivos da Minnie, maquilagem carregada e à passos largos entrando no tribunal e a cara do Meretíssimo pensando "Meu Deus ! Ela de novo NÃO !!!".
O primeiro comercial que vi na TV há três anos atrás também não é uma obra-prima (continua no ar) que compõe-se de três marmanjos gordos e carecas cantando "show your crack" enquanto takes mostram pessoas no carro olhando para o pára-brisas estilhaçado e sorrindo enquanto falam "Novus" (como se alguém morresse de alegria quando uma pedra atinge o pára-brisas) e volta para os trogloditas cantando "Show us your crack !!" algo como "mostre-nos a sua racha". Lamentável para não dizer sem senso de ridículo.
A chuva de Auckland é outra coisa da qual não gosto nem de pensar - me deprime só de imagina-la, a umidade que atravessa as roupas e a imprevisibilidade das pancadas são de um humor tão duvidoso que parece até pessoal (geralmente a chuva me pega EXATAMENTE no meio do caminho para o trabalho, ou do trabalho para casa) chego a gritar quando acontece. Digamos que a neve também não atingiu tão alto conceito em minha escala, neve é bom para esquiar e só, conviver com a maldita é outra história.
Os cabelos dos kiwis, claro que existem as exceções mas estas jamais cobrirão os atentados capilares cometidos nos salões daqui - são uma mistura de anos 80 com 70 adicionados os devidos toques de modernidade (uma tragédia) que resultam em mohawks bicolores, Mullets (sim, arrepiado na frente e compridinho atrás) desfiados all-way, cabelos pretos com as pontas extra-loiras e os tão clássicos Black-powers (que na real, eu até acho alguns legais, mas 99% poderia ter ficado nos anos 70).
O trânsito aqui, mais parece uma multidão de pessoas acima de 90 anos dirigindo entre si, vira-se para qualquer lado, a qualquer momento, dirige-se muito devagar e acima de tudo estacionarás em mão-dupla sempre, ainda que o próximo buzine e descabele-se tudo que farás é : acenar e fazer aquela carinha estúpida de "desculpa" sem mover-se um centrímetro. Só matando.
Acordar de madrugada para trabalhar também não deixará saudades - precisa explicar ?
Pessoas ?? De algumas é claro que vou ficar com saudade, de outras, digamos apenas que posso passar o resto da vida sem. Sem detalhes afinal.
Das paredes de gib (placas de gesso) que possibilitam 99% do som de chegar através e que caem se você tentar colocar um prego, apenas adeus - parede tem que ser de tijolo - se você tentar correr contra uma, sua cabeça deverá rachar e não o contrário.
Dos três únicos canais de TV (que não tem pena dos espectadores) eu apenas direi que foram úteis por falta de opção melhor (eu sempre respeito TV - amiga, amante, babá e educadora) mas sinceramente que saudades da Rede Globo, aonde os noticiários tem gráficos incríveis, os filmes são bons de vez em quando e os apresentadores não parecem terem fugido do maquiador e cabeleleiro antes de entrar em cena.
Da comida indiana disponível à cada esquina, posso sobreviver sem, obrigado, do fogão elétrico melhor ainda, Vegemite (uma pasta horrorosa de passar no pão), batata em geral (muuuito popular com... tudo), o engordurado Fish & Chips (há meses não ponho na boca), dos preços do supermercado (especialmente frutas e verduras, carne) e da falta de suco de uva decente - um sacrifício comprar qualquer suco decente por aqui. Minha maior e melhor cura para ressaca sempre foi suco de uva (não me pergunte porquê, tenho fissura quando estou de ressaca).
Enfim... ..milhares de coisas das quais poderei passar o resto da vida sem.

Agora... ...posso estar seriamente viajando...

...mas será que vou sentir saudades de odiar essas coisas ??? Hmmmmm...

terça-feira, março 28, 2006

Nada de interessante.

Bem, fora toda agitação da viagem, mudança,etc... Poucas tem acontecido por aqui.
Os amigos, no entanto têm passado por aqui para de despedir - ante-ontem, Jake chegou aqui embaixo de chuva e com três DVDs embaixo do braço (por mais que negue, a cerveja na geladeira da qual ele tem um sensor para adivinhar quando tenho) e a TV de 21" também ajudam um pouco para que ele levante a bunda do sofá da casa dele e abanque a ossada em meu sofá. Assistimos Fear and Loathsome in Vegas com Johnny Depp e Benício DelToro, aquilo é muito louco... ...leve pausa para cervejas (tinha 24 garrafas por precaução,compramos mais antes de sentar no sofá) e para uma ocasional luta. Explicando: nos degladiamos pelas coisas mais bestas na face da terra, uma vez estávamos com um casal de amigos esperando uma mesa em um restaurante japonês e pus um cigarro na boca, o que foi suficiente para ele querer um dos meus (o maldito compra aqueles de enrolar, que são mais baratos) e eu simplesmente falei NÂO só para provocar - ele ficou observando enquanto eu procurava o isqueiro e continuava "DAMN IT, me dá um cigarro" e eu com toda calma do mundo "não". Falei para ele tentar tomar de mim, ele tentava pegar da minha boca e eu esquivava, quanto mais ele não conseguia mais frustrado ficava e mais eu ria até ele enfiar um tapão na minha cabeça, o cigarro voar longe e eu pular em cima dele aos socos (o casal que estava com a gente, lentamente se afastando e fingindo total desconhecimento).
Ante-ontem, um em cada sofá, e eu falei pra ele que apenas desta vez ele estava permitido a tirar os sapatos dentro da minha casa (o odor mais forte que já senti na minha vida - o chulé do Jake) e logo depois de tirar os sapatos ele começou a querer botar aquele pé fedorento na minha cara.
"Pára com isso, tira esse pé fedorento de perto de mim" e ele continuava.
Meti um chute na perna dele, ele tentou começar a me chutar de volta.
Eu só berrava "Ya' bloody cocksucker, cunt - FUCK OFF" e ele se divertindo até eu pular em cima dele e meter uns cascudos na enorme cabeça do cretino; rolamos no chão enfiando porrada um no outro, só parou porque tive um ataque de riso e não conseguia mais me mexer. Geralmente essas disputas são divertidas, parece que tenho 20 anos de novo quando Jake está por perto (ele se recusa a aceitar que tenho 30 e não tenho a disposição dele) mas vivemos enfiando porrada um no outro de uma maneira que não aceitaria de quase ninguém. Se tivesse um irmão mais novo, gostaria que ele fosse como Jake (um pouco menos tranqueira, tenho que frisar) na verdade, o que ele vê em mim eu acho que é um irmão mais velho - sempre dando conselhos, alguma grana, um pouco de conforto do qual ele não está muito acostumado. De longe, ele é uma das pessoas que mais vou sentir falta.
Deixei ele assistindo TV e fui dormir, ele deve ter se mandado de madrugada (ele agora volta para casa em qualquer que seja a ocasião, pela primeira vez acho que le realmente tem um lugar para voltar) e ele mudou bastante desde que nos conhecemos, estou feliz por ter feito uma diferença na vida de alguém.
Ontem à noite, Ricky, Ariane e Lee passaram aqui para me arrancar de casa (só tenho saído em raras ocasiões) e me arrastaram para jantar e jogar boliche, foi divertido mas nada que se compare aos velhos tempos do boliche no CEASA com a gang, mas eles se esforçaram e eu me diverti como não havia há tempos.
Ultimamente tenho esquecido de abrir os e-mails e não tenho prestado tanta atenção ao Orkut, gasto exatos 5 minutos tentando responder os scraps e é isso, manter esse blog atualizado também dá uma certa mão-de-obra então se eu desaparecer (ou se já desapareci) perdoem a falha.
Tem sido gratificante receber o carinho dessas pessoas, a gente não faz idéia do conceito que temn até uma hora dessas.

sexta-feira, março 24, 2006

New Zealand Redux.

Três anos. Três anos se passaram e o que será que aconteceu durante ?
Em três anos, eu fui bartender, garçom, gerente de serviço de restaurante, lavador de pratos, larder chef, saucer, head-chef (ainda que um café com 20 lugares), Commi-chef. Fiz amizades do mundo todo, fiz amigos brasileiros, fiz amigos em praticamente cada lugar que estive, fui turista, backpacker, motoqueiro, motorista de campervan. Viajei de norte a sul, de sul à norte e vi muito dessa terra.
Fiz snowboard, Bungy, Riverboarding, mergulho, trekking (ok, não muito), não entrei muito no mar mesmo assim por ser congelante, comi tudo quanto é coisa nova que apareceu pela frente, me apaixonei pela cozinha asiática, cultivei meu desgosto por comida indiana, achei kebab dos deuses, tomei toda e qualquer cerveja diferente que encontrei por aí, tentei fazer o que os locais faziam - e aprendi que os kiwis vivem para si mesmos.
Vi a neve cair no centro de Queenstown, vi pinguins na ilha sul, tive uma praia inteira só para mim perto de Christchurch, conheci um taxidermista alemão lá (poxa, conhecer um taxidermista que ainda paga a cerveja não é pra qualquer um), quase fui jogado fora da Harbour Bridge em uma noite de tempestade com minha moto, dormi profundamente durante um terremoto (na verdade dois), fiz um curso de fotografia na Universidade de Auckland e um curso de inglês que eu mal frequentava.
Mudei dez vezes de casa, tive mais ou menos 21 flatmates diferentes, comprei e vendi mais coisas de uso doméstico que posso lembrar e tive apenas um lugar que considerei um lar.
Tomei vários tombos - aliás, um tombo no sentido literal, do qual desmaiei, cortei meus dedos, queimei minhas mãos, fiquei com as cadeiras roxas de fechar a geladeira com a cintura enquanto carrego caixas, fui passado para trás gerenciando uma casa em Auckland no primeiro ano, fui passado para trás quando tive que assumir um quarto no lodge em Queenstown, fui deixado em meu apartamento sem explicação aparente.
Tive momentos felizes ao ser convidado a me mudar para uma casa em Queenstown (duas vezes) e fico com saudades de pensar em quanto a vida era descomplicada por lá (até ficar terrivelmente chata).
Conheci a NZ, Austrália e Bali (mais Fidji futuramente) e me arrependo de não ter viajado mais.
Aprendi a ficar quieto, a gritar quando preciso apenas e a valorizar a ajuda que aparece quando você mais precisa - assim como aprendi também a valorizar meu espaço pessoal (aquele em que ninguém pisa, que é só seu) e não deixar que entrem e saiam de sua vida como se fosse uma porta giratória - se não for para acrescentar nada, apenas subtrai.
Testei a minha paciência, determinação, sanidade (quase por um fio), resistência e lealdade e sei que tipo de pessoa eu me tornei e posso me tornar de vez em quando, mas meus atos sempre falaram por mim e em geral, eles não mentem.
Sou incapaz de um ato maldoso ou desleal, minha consciência é eficaz a maldita.
Foram quase 100,000 kms de voô durante esses anos, uns 10000 de estrada e mais uns tantos andando por aí, a estrada foi longa e tortuosa.
Em três anos, fiz mais coisas do que fiz em vinte anteriores.
Vão ficar marcas e cicatrizes, amizades que se foram, amizades que vão ficar, situações nem sempre agradáveis e muitos momentos bons...
...e no final, tudo que resta é você, três anos mais velho e três anos...

...vividos. Eu quero mais.

quinta-feira, março 23, 2006

Provedenceas 3

Quarta-feira foi meu dia de folga.
Faxina na casa (tenho que deixar o apê limpo senão eles cobram a limpeza depois) lavanderia em geral e uma volta até Mt. Eden a pé (se imaginasse que era tão longe, não ia andando nem a pau) para achar a tal loja de facas para comprar um amolador alemão novo (ainda tô puto com essa história). Entrei na loja e ouvi as cornetas dos portões do paraíso soarem, saí com o tal do amolador (NZ$ 40,00 uma facada), dois descascadores, um zester, botões de uniforme vermelhos, uma pinça maneiríssima de tirar espinhas de peixe e mais umas lembrancinhas que achei de ocasião - foi um puta estrago no orçamento. Fora as coisas que eu queria e não tive coragem de comprar.
Enfim, f**i o extrato bancário. E pensar que antigamente eu era viciado em comprar CDs, parece que a cada dia eu acho que ainda não enlouqueci o suficiente...
Ontem e hoje eu entrei no trabalho as duas da manhã, trabalhei 24 horas em dois dias e estou á beira de um ataque de nervos, como se não bastasse a aporrinhação toda da mudança tem essa, mais pessoas para se despedir mais uns problemas mal-resolvidos na minha cabeça - quem me conhece sabe que tenho a estabilidade emocional de um saco de ratos em um porão de navio afundando então estou entre ataques de felicidade com momentos de depressão dispersos (a única coisa que eu sei é que eu quero ir embora logo, depois que se marca a passagem então, dá vontade de sumir de uma vez.
Detesto esse suspense, aliás não suporto surpresas também, tem que ter muito cuidado para não f**er com minhas emoções ultimamente.
Estou tentando não perder o bom-humor, sou praticamente o "Mr.Brightside".
Um cara da transportadora acabou de me ligar, tudo resolvido e o micro chega junto comigo no Brasil (acho que dois dias antes) então uma coisa a menos para se preocupar, ainda não sei aonde enfiar tanta tralha, talvez se eu usar no voô umas 15 calças, 10 moletons e três jaquetas com, digamos, sete peças de cada underwear talvez ajude.
Tô podre de cansado - vou cair duro na cama.

Duas semanas apenas... ...God, dê-me paciência.

segunda-feira, março 20, 2006

Providências 2

Liguei para a empresa que vai transportar meu computador para o Brasil -
"Oi, fiz a cotação e o booking online mas ainda quero saber se o volume é individual ou cumulativo, ou mais claro, rola um desconto se eu mandar mais tralha junto com o micro ??"
"Claro que sim, se você mandar mais coisas junto, tem desconto sim..."
Já fiquei todo animado com a atendente.
"Então é o seguinte, uma mala pequena com mais ou menos 20kgs, quanto rola ?"
"deixa eu ver, quantos quilos tem o micro ?"
" 12 kgs"
"Calculou o volume pelo website ?"
"Calculei, 0.108 cm cubicos"
"Isso dá 300,00 dólares"
"Tá isso eu já sabia, e uma mala da mesma dimensão"
"Aí vai pra... ....550 dólares".
"Esse é o grande desconto ? Acho que sai mais barato pagar excesso"
"O que é que vai dentro dessa mala ??"
Quis responder 10 kgs de cocaína pura, 2kgs de ecstasy e o resto em fluído de isqueiro e armas de fogo. Achei melhor não.
"Livros de receitas, algumas roupas, Cds e facas de cozinha"
"Enrola suas roupas no micro"
"Como você espera que eu enrole 20kgs de roupa em um micro ?? Nem sei se ele usa meu número aliás..."
"uhnnn.. e o que você tem nas outras malas de viagem ??"
Desta vez, quis responder duas AK 47, sete granadas e quatro manuais da Al Quaeda.
"Merdas, coisas, roupas, cuecas, sapatos, meias..."
"ahnnn tá."
"E então, dá jogo ??"
"Não".

Porque perguntar todas essas coisas se ela não pode resolver meu problema ??

Seria mais fácil construir uma jangada e atravessar o mar com minhas tralhas. Merda de vida.

domingo, março 19, 2006

Enfim, providências.

Como agora água bateu nas nádegas (sorry, não posso escrever bunda nesse blog) hoje me dei conta que preciso escolher o que vai e o que fica por aqui, não que eu tenha um patrimônio extenso mas o que se acumula de tralha em três anos não é brincadeira... ...meus amados livros vão ter que ficar (menos os de receitas que não vai dar pra repor depois) meu material de pintura e telas também vão ter que fazer alguém feliz (é de graça poxa...) e meus tão amados edredons (um de pena de ganso) são umas das coisas das quais vou chorar todos os dias por não poder carregar.
Tente resumir uma vida inteira à 64 kgs e veja como vc se sai - eu estou sendo uma tragédia.
Tudo que havia para ser vendido já era, ou pelo menos está para entrega (minha TV, DVD e móvel pelo menos e a moto já se fué) minhas facas definitivamente vão todas (comprei mais algumas coisas e reposições que posso precisar no futuro) jaquetas, blusas e moletons de montes vão ficar mesmo sendo amados e jamais esquecidos, sapatos velhos mas amados ficarão orfãos e até a máquininha de cortar cabelos não funciona no Brasil (plug e voltagens diferentes) então cesta sessão pra ela.
O micro eu vou enviar por correio, mas a voltagem também é diferente (não deve ser complicado para mudar) mas dane-se, eu só preciso dos componentes dele para traze-lo de volta à vida.
O resto é resto.

O resto só eu voltando, de mala e cuia.

Enfim - a confirmação...

Recebi a luz amigos...
Ela veio na forma de dois pedaços de papel - O recibo da STA Travel e o itinerário.
Saio daqui à uma da tarde de Sexta-Feira, 07 de Abril e chego no Brasil sexta-feira santa dia 14 à meio-dia e meio. A razão pela demora ?? O avião não vai congelar no no espaço como alguns imaginaram e nem ficaremos perdidos por uma semana no triângulo da bermudas pelo benefício geral da sociedade brasileira.
É que o avião faz uma parada em Fidji (Papeete, não era só nome de chinelo de patricinha), Polinésia Francesa, e resolvi dar uma esticadinha de uma semana só pra ver o que acontece por aqueles lados.
Chegar lá e pedir de cara qualquer drink que tenha aqueles canudos tortos e coloridos e sentar na areia da praia debaixo de um calor infernal.
Vida ruim essa hein - acho bom eu não acostumar.
Depois me preparar para cair na rotina. Deus me ajude.
Hoje roubaram meu amolador de facas alemão no trabalho - fiquei puto da cara, vai custar umas NZ$50 pilas pra comprar um novo se eu achar.
Nem tudo é perfeito afinal.

Aliás...

Mr Rogério Ragusa,
Nada me faz mais feliz do que receber suas mensagens ultimamente... ...a cerveja já está gelando é bem estimulante, mas que em três anos você tem estado por perto -

- Não tem preço. Para todas as outras coisas, existe Mastercard.

Que não compra amizade verdadeira.

sábado, março 18, 2006

Recomeçar...

É dificil um recomeço, especialmente para quem já teve muitos.
Como disse um amigo, sabe quando você passa meses e meses arrumando aquela prateleira, pondo todos os bibelôs, porta-retratos, Cds, e de repente você acha que não está legal e enfia uma bica e desmonta tudo ??
É exatamente assim que eu me sinto - derrubando uma prateleira que eu construi durante três anos da minha vida.
Quando enfim consegui quase tudo que eu queria, emprego estável, casa legal, minhas coisas espalhadas em volta de mim, segurança, eu resolvo que não estou contente e mando tudo á merda (desculpem meu francês) e lá vou eu arriscar tudo de novo por uma emoção barata... ...talvez nem tão barata, mas com certeza eu devo gostar de caos.
As razões não perguntem, eu mesmo não saberia explicar, estava há semanas de ser promovido no emprego, há meses de conseguir minha residência, a centímetros de comprar meu carro e de repente, sem aviso, eu decidi que tudo isso não valia a pena.
Vai entender...
Talvez eu tenha mesmo uma vocação para o Caos, talvez eu tenha percebido que a vida não é bem assim, talvez eu tenha apenas ensandecido por achar que novas perspectivas sejam melhores que perspectivas usadas mas... ...de que vale tudo isso se não tem ninguém para dividir o momento ??
No começo, confesso que rolou aquela básica pergunta de que estaria fazendo, enlouqueci talvez, talvez seja só uma fase e eu caia na real. Mas o bom estado de espírito em que caí me dizem o contrário - talvez eu esteja MUITO errado (é assim que os grandes erros acontecem também, saibam) mas há dois meses eu estava em contentamento para logo depois cair em miséria... ...não a miséria temporária, mas veio aquela sensação de clarividência e de repente tudo que estava complicado ficou fácil como 2+2 - eu preciso sair daqui.
Achei que fosse apenas uma situação complicada que tive, mas após passada, ainda quis me mandar e pronto.
O gozado é que, eu sei que tudo vai ser difícil, complicado, lidar novamente com estar com a família (complicado para mim, que acostumei a não dar satisfação de onde vou e o que faço - quando se é sozinho não pensa-se nisso) procura por emprego, casa, carro, Tv e dvd, um canto para pôr seus porta-retratos... ...não vai ser fácil.
Mas pensando bem, não vai ser fácil ficar aqui se perguntando o que seria da vida se eu não tivesse voltado, se não tivesse arriscado novamente.
São tantos planos e conjurações que tenho na minha cabecinha que fica difícil explicar - parece que um novo leque se abriu e que não há nada que eu não seja capaz de fazer.

Talvez eu apenas percebi que não se pode passar a vida sozinho - e sozinho é exatamente o lugar em que eu estou - não quero mais isso.

Quero sim, a minha casa cheia de amigos - se Maomé não vai à montanha...

terça-feira, março 14, 2006

Adeus galopeeeeeeeeiraaaaa...

Hoje fui vender minha já empoeirada moto, após quatro meses (ou mais) parada, a desgraçada quase que para me afrontar pegou na primeira só para despedaçar meu coração - que dó, que pena da minha companheira mas a vida é assim mesmo, chega-se a hora de ir e seguimos em frente. Cheguei na concessionária da qual comprei ela em primeiro lugar, o cara olhou, olhou, e perguntou quanto eu queria nela e já mandei NZ$ 1000,00 de cara para ver o que acontecia, ele mandou setecentos e nem desconfiou que estava vazando óleo, enfim, peguei a oferta e me mandei o mais rápido possível com o cheque na mão.
Todas as lembranças das viagens, acampamentos, tudo literalmente vieram à tona quando eu dei tchau pra minha mulinha.

Depois eu mando uma foto pra eles de nós na ilha Sul, a 5000 kms de Auckland.

sábado, março 11, 2006

Choque.

Cliquem no titulo acima e vejam os numeros (principalmente no final, o aumento de 1999-2004), e um choque...
Se nao abrir ai em cima, cole e copie esse endereco http://www.seade.gov.br/produtos/spdemog/nov2005/Sorocaba/Ibiuna.pdf

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Carnaval... é tudo Globeleza !!!

Caramba, é carnaval no Brasil e eu aqui na crise da meia-idade avançada !!!
Porque é o seguinte: eu não sou o maior fã de carnaval que existiu, até gostava por ficar cinco dias longe do trabalho e por poder beber sem ter uma desculpa social pra isso - mas de resto é tudo Panis et Circus, brasileiro esquece da vida no carnaval e nem lembra que CPI existe, nesse momento tá tudo parado no Brasil porque somos exóticos (já cansei de ser chamado assim por aqui também, brasileiro é exótico, se fode e ri ainda por cima), claro que gosto de ver o povo feliz esquecendo das vidinhas que levam todo dia, na verdade nós até precisamos disso para fazer a vida ter sentido.
Mas, pode entrar nos sites de notícias e ver se o Lula, CPI estão nas news, nada crianças, todos os pecados são perdoados no carnaval e uma agenda no governo deve estar programada para o carnaval : vamos aproveitar o tempo fora da mídia e voltar com o quê ???
Abre o olho moçada !!!
E usem camisinha please...
Pecado e carnaval. Até dá saudades...

PS:- Entrem em www.muiedomeidomato.blogspot.com ou peguem o link do banheiro feminino do uol, virei fã há um ano atrás e viciei...

sábado, fevereiro 25, 2006

Moral da história I

Hoje de manhã, estava com Oscar tomando um café durante nosso break.
Oscar é o maníaco da cozinha, tenho vindo ajuda-lo as duas da matina todos os dias com convenções ( a praia dele). Quando comecei na Skycity ele infernizou minha vida e eu simplesmente odiava o cara.
O tempo passou, ele amoleceu e viu que não estou lá para brincadeira - me mantém até mais tarde trabalhando para ter companhia.

Ao ouvir que estou sem flatmates, disse que quem sabe quando a filha dele voltar de não sei aonde, faça a cabeça dela para morar comigo.

Tentando me arrumar com a filha dele - esse homem já tem um lugar no meu coração.

The sweetest thing.

A casa vazia.

Acordei, o despertador berrava alucinadamente e tentei desligar às pressas sem me lembrar que estava sozinho.
Olhei em volta, tudo escuro, aquela escuridão que te faz cerrar os olhos igualzinho quando você está embaixo do Sol, a escuridão revela o que o dia escondeu ofuscantemente, é noite fechada e estou tateando meu caminho até o banheiro e tudo está ainda confuso em minha cabeça, não sei o que se passa e menos ainda por que estou de pé à uma da manhã. Leve contrito cerebral, o motivo é de que eu tenho que trabalhar pois o setor de convenções está pela hora da morte e precisam de heróis como eu (odeio ser herói - eles morrem primeiro, o cemitério está cheio deles) e a casa vazia ainda não entendi direito, preciso de mais alguns segundos.
Só as coisas que alguém não quis estão aqui, cabelos, traços de vida agora parecem fazer parte de uma mórbida,orquestrada e desorientante cena.
Vesti o que encontrei à frente (pelo menos eu passei a roupa ontem) e agora sei o porquê e a razão de estar sozinho, bem, sei não, mas imagino várias possibilidades que não satisfazem e penso também em ligar para o trabalho e dizer que estou doente - mas essa é uma daquelas coisas que penso quase todos os dias e não faço - saio ás pressas, corro enquanto ouço meu MP3 player à toda altura para silenciar meus pensamentos e em parte funciona mas tem essa partezinha do meu cérebro que ainda teima em pensar em coisas que eu evito. O dia seguiu com muito trabalho, e eu ainda pensava na casa vazia, nada se movia ali, talvez as persianas ao vento mas de resto tudo é inanimado, os móveis, as portas e janelas, os armários... ...tudo está a espera de alguém para colocar movimento e cor e eu não estou lá - sinto pena de minha casa até mas tenho que trabalhar.
Ao final do turno estou esgotado, moralmente e fisicamente, me arrasto até a rua e peço um café em copo descartável enquanto ando (MP3 à toda) não faço idéia do que vou encontrar em casa, talvez a casa esteja puta da vida comigo e tenha feito uma reviravolta, minhas coisas estejam espalhadas por todos os lados e a porta da frente não abra, talvez esteja em chamas, talvez o silêncio seja ensurdecedor.
Chego no portão do prédio (a casa não é uma casa, é um apartamento) e fico com receio de entrar, não sei mais o que vou encontrar, subo o elevador com receio e esperança de que alguma coisa tenha se movido ali mas quando abro a porta percebo que a casa está do jeito que deixei - escura, imóvel, silenciosa.
Entro com um suspiro e um grito : Querida, cheguei !!!! Logo após falo comigo mesmo "esqueci que não sou casado".
Tudo está do jeito que deixei, escuro até, abro as persianas e janelas e deixo o vento passar e percebo que o movimento e as cores voltaram em um flash - ela está aqui esperando por mim, aconchegante, viva e chutando.
Limpo os restos de vida deixados para trás, para não me nivelar ao que está nos cestos de lixo principalmente, faço uma rápida limpeza e me atenho em fazer minhas coisas de praxe : escrever, comer, lavar a louça, etc...
As coisas se encaixam novamente, estou sozinho mas em boa companhia - minhas coisas estão espalhadas à minha volta, retratos, roupas, livros, me lembram que tem uma vida ali sim. Olho o celular (que nem lembrei ou não quis pegar de manhã) e tem uma mensagem de um amigo de Queenstown, vindo para cá - que bom ter uma visita.
É domingo e deve ter alguma coisa legal passando na TV, vou fazer pipoca e relaxar...
Os problemas eu resolvo amanhã, de alma nova e descansado, quando é que foi a última vez que eu tive tempo para não me preocupar com nada ?
Estou agora exorcizando alguns demônios, como sempre, mas estou fazendo isso na segurança de meu lar - e é isso que eu preciso.
Eu preciso de um lar, não uma casa, decidi que nada pode me atingir aqui, na segurança de meu LAR.

Amanhã eu ligo para a imobiliária para avisar que estou me mudando - minha casa é qualquer uma, mas meu lar eu pretendo construir - ainda que sozinho.

Where everybody knows your name...


Eu ouvi uma vez que quanto mais nós envelhecemos, mais precisamos das pessoas que conhecemos na juventude - não poderia concordar mais.
Seus amigos sabem tudo sobre você, seus males, seus prós e contras, suas manias, seus ódios de estimação, as coisas que você ama, o que se passa em sua cabeça quando você está com aquele certo olhar de olhos semi-cerrados em direção ao nada, quando você diz não quando tudo que queria dizer é sim. Eles sabem, acredite.
Envelhecer junto deles é delicioso, saber quem casou, quem separou (e levar para a farra imediatamente), quem teve filhos ,quem ainda te liga para saber as novas e contar coisas estúpidas como o tombo que levou em uma escadaria sabendo que você vai se deliciar com a imagem (amigo também sacanea, e por conhecer você tão bem faz com precisão e vice-versa), entrar em sua casa e abrir a geladeira... ...tão bom isso, e faz uma falta daquelas quando eles não aparecem.
Também têm um talento nato em relevar, quando se é muito amigo, ninguém é perfeito o tempo todo e ninguém é santo - todos temos nossos próprios demônios ali, esperando a hora de sair em disparada ao encontro de, bem... ...quem estiver à frente.
E nessas horas, claro que não tem madre Teresa que aguente, mas quando tudo volta ao normal e você arrependido tenta agradar, e consegue, que alívio, que coisa boa ter essas pessoas em torno de você mesmo que você tenha que gastar um salário mínimo em cerveja, vale a pena o investimento que tem esses retornos garantidos.
Meu projeto para a velhice é uma casa cheia de amigos, indo e vindo, parando suas vidas para me dar um pouco de atenção nem que por minutos, trazendo uma coisinha para beliscar ou demandando comida quando chegam de mãos abanando, não importa.
Mesmo de longe, mantenha-os perto.

Digamos que eu tenha pensado muito em vocês.

PS: Pats, você me lembrou o que é ter amigos. Daqueles bons e dos velhos tempos.

terça-feira, fevereiro 21, 2006


pratinha...

Visita da Pats.





Visita da Pats, nos com os cabelos prata - pura falta do que fazer.

Skycity




Caroline e Maria, Oscar mostrando o tamanho da faca dele e William, um dos aprendizes.

As vantagens de se morar com um chef ?




Frango marinado em suco de laranja, alho e mostarda em grao, grelhado e coberto no mesmo molho reduzido. Tenho um que pra comida rustica.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Aprendizes porque não sabezes.

Chego na cozinha as quatro da matina e o merdinha já está lá - ouvidos de pé e olhos estalados para me perguntar alguma coisa.
"Chef ?? A gente tem queijo brie ??"
-E eu lá sei, tenho cara de geladeira ? Entra lá e vê você mesmo !!
Continuo tentando saber aonde enfiaram meus apetrechos durante a noite, amaldiçoando os FDPs. Estou preparando minha área de trabalho e vêm o pentelho de novo :
-Chef ? Será que esse patê tá estragado ?
-Prova para saber.
-Eeeeuuu ? e se eu passar mal ?
-Antes você do que eu, aliás se você passar mal e sumir ninguém vai saber a diferença, enfia essa merda na boca e me deixa em paz.
As vezes eu lembro que fui educado nas mais finas estrebarias da Europa.
-Chef ?
-Que foi agora ???
-Afia essa faca pra mim ?
-Criatura, você me paga cem pilas numa faca pra depois não saber afiar ? Além do que, eu tenho que afiar as suas facas todos os dias, apenas tente não foder com o fio das suas facas desse jeito, era para durar pelo menos um dia inteiro afiada.
Controlo o surto e afio a faca encarando assustadoramente a jugular dele, ele sai todo contente com a bosta da faca. Enfim, comecei a trabalhar, tomara que agora ele se dê por satisfeito.
-Chef ??
-Pelamordedeus o quê ??
-Como é que se faz esse negócio aqui... ...Ju, Juzi,... Jual...
-JUS !! É Jus criatura, caldo de carne com vinho tinto !! Você não tá lendo seu livro não ??? Pra que você quer saber agora ?
-É que tem o teste do aprendizado e tenho que fazer um macarrão á bolognesa.
-Não precisa de jus, usa a própria carne que você vai fritar, põe vinho e deixa reduzir e depois tempera bem antes de juntar ao molho de tomate. Satisfeito agora ?
-Valeu.

Aonde eu estava ? Ah sim, preciso anotar as compras que demora dois dias para as coisas chegarem do fornecedor....
-Chef ??
-O QUÊ É AGORA,Esqueceu como se segura a faca, cortou o dedo de novo, quer QUE EU TE FALE A COR DO CÉU EM AUCKLAND ???
-Tá servido desse chocolate que eu ganhei ? É suíço...
Sem graça, disfarçando e com tom de voz diminuído.
-Não, valeu.

Porque eles tem que ser tão indefesos as vezes ??
Tenho muita paciência, mas assim fica difícil.
Tento pensar que eu já tive dezesseis - mas não era tão estúpido.

sábado, fevereiro 11, 2006

Pats, oh my pats...

Hoje recebi a visita da pats, a primeira visita oficial do Brasil - estamos aqui falando de tudo, todos, da vida e enchendo a cara.
Resolvemos ir comprar um litro de vodka e já estou intoxicado pelo pique da Pats, estamos nos comunicando por telepatia - Não sabemos o que fazer um do outro e parece que não vamos fazer nada melhor.
Mas nada como uma familiaridade, um rosto conhecido, para me fazer sentir vivo.
Meu Deus, aonde tenho passado a vida sem essa gente, meus amigos ?
Bem, ainda não tenho o roteiro, e na verdade estamos mais afins de ficar sem fazer nada - talvez um passeiozinho.
Não quero ter que dividir ela com nenhuma atração daqui - nem a pau.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Jake.


Todo vilão possui o seu parceiro - seu gêmeo malévolo, seu comparsa, seu co-autor, aquele cara que termina sua frases e com um simples olhar sabe que algo (ruim) esta prester a acontecer, que cobre as suas e que espera o mesmo de você. O meu é o Jake.
Jake é o cara que trabalhava na mesma seção que eu só que há muito mais tempo, o cara me deu todas as dicas que eu precisava, eu salvei o couro dele várias vezes também e nossa amizade é uma relação um tanto estranha para as pessoas de fora de nosso pequeno círculo - Não perdoamos nem mesmo um ao outro, sacanagem pura.
Jake é de Hamilton (três horas de carro de Auckland) nunca deixou o país, nunca deixou a região de Auckland e por isso mesmo recebeu o apelido de "Redneck" (caipira) de mim, come o que é possível durante as horas de trabalho pois nunca tem grana para fazer o supermercado (nem que quisesse) e aliás só entra em um para comprar bebida. O resto do salário é usado para comprar maconha ou qualquer outra merda que caia em suas mãos.
Filho de mãe solteira (o pai é mais ou menos como ele, vive em Auckland mas ele sequer sabe o número do telefone - visto que o pai é um duro ele não vê nenhuma razão para ligar para o cara) e desde os dezesseis anos mora de lugar em lugar com as piores corjas de pessoas possíveis, começou sua carreira criminal bem cedo - com várias passagens pela polícia por delitos menores (pequenos roubos, posse de substãncias ilegais, dirigir bêbado e ser pego duas vezes) acabou por pedir transferência para Auckland onde sua ficha não era conhecida pelos vizinhos.
Longe de ser um cara mau - tem um coração de ouro, dentro de seus limites ele ajuda se você precisar, dinheiro para fiança as três da manhã ? Ele estará lá, uma garrafa de vinho surrupiada da geladeira da cozinha ? Ele trará gelada.
Faz piadas sobre o Brasil, insinua que minha família mora numa Oca, que nos comunicamos através de tambores e que as pessoas so sexo feminino na minha família fazem sexo com caminhoneiros por alguns trocados, acha que a Espanha fica na américa latina, não faz idéia do que se passa no restante do mundo pois não lê, ainda não entende por que estou na NZ quando poderia estar morando de graça no Brasil (e porque trabalho ao invés de explorar minha família).
Há alguns meses atrás, o imbecil enfiou o carro em uma árvore a caminho da casa aonde estava acampado (da família de um amigo, sem pagar aluguel) completamente bêbado, apareceu dois dias depois ao trabalho sem carro e sem condições alguma de continuar morando lá e trabalhar na cidade (não tem ônibus). Ficou algumas semanas na minha casa de graça - foi bem na época que o Clayton e a Lorena chegaram aqui, quando mostrei a casa para eles tive mais ou menos que falar para eles ignorarem o neo-zelandês sentado no sofá tomando cerveja e assistindo TV. Eles foram legais e não ligaram de te-lo aqui por mais uma semana e meia até ele se tocar e se mandar daqui percebendo que a coisa estava meio apertada.
Ele aparece de vez em quando, senta no meu sofá (ele agora mora em um apartamento no centro mas prefere o meu pela TV grande, DVD e internet) sempre carregando uma caixa de cerveja e de vez em quando eu decido alimenta-lo, assistimos TV, conversamos na medida do possível e quando estou cansado e quero dormir eu chuto ele pra fora.
Por alguma estranha razão, eu não ligo de emprestar dinheiro pra ele, que ele acabe com meus cigarros, que ele fique sentado na minha sala enquanto digito para o blog - ele tem apenas 20 anos e ficou meio que um irmão mais novo, como digo, ele é um adorável saco de merda.
Ele agora trabalha em outro departamento da Sky e não nos vemos muito.
E este, é meu prezado amigo, associado e cúmplice.

Adorável vagabundo.

terça-feira, janeiro 31, 2006


My mate Fran, o head-chef do Tatler em Queenstown - BDO 2006


BIG DAY OUT - The White Stripes, Iggy and the Stooges... o melhor show da NZ !!

Meus fatídicos últimos momentos.

Tive uma visão, uma imagem na minha cabeça que criei para definir esse momento hipotético do qual fantasiei por muito tempo;

Estarei atravessando uma rua qualquer, Sol raiando, um dia lindo e memorável de Verão e estarei distraído tentando abrir a embalagem de meu fruttare de uva quando avistarei ele vindo : grande, imponente, a sombra se aproximando de mim tao rapidamente que mal pude perceber sua chegada...
...ele, por qual esperei minha vida inteira (e pensar que neste momento estou usando apenas havaianas pretas, short jeans e camiseta do Pearl Jam)e quem me conhece há muito tempo vai reconhecer na hora de quem estou falando - O Danúbio Azul, o símbolo da mercedes já meio gasto pelo tempo e pelos milhares de insetos esmagados e ressecados, o azul marinho sobre branco inconfundível, o letreiro escrito "ESPECIAL" em cima e aquela placa rebuscada a pincel atômico em cima do painel, grudada a durex diz "Aparecida do Norte" em letras tortas verde-abacate escuro, o chiado dos freios, a cara de pânico do motorista com seus óculos escuros enormes e braços esticados grudados ao volante, a camisa azul desbotada de praxe, as malas dos passageiros caindo dos compartimentos acima dos bancos e as duas senhoras de idade no primeiro banco tapando os olhos e rebuscando o que parece os primeiros acordes de uma prece - tudo isso distorcido pelo calor do asfalto pelando e do radiador.
Estarei lá, como uma rã no meio do asfalto hipnotizada pelo brilho dos faróis de um carro apenas aguardando seus momentos finais e tentando avaliar o que seria tudo aquilo, mas agora é tarde demais.
Tenho consciência de que serão meus últimos momentos e muitas coisas se passam pela minha mente, tudo muito rápido claro, mas os saldos e balanços estão todos ali, uma longa e extensa conta aparecerá e verei o saldo.

Não tenho muitos arrependimentos, tenho mais arrependimento do que não fiz na verdade; falar o que quero a quem quero, comer tudo que foi posto à minha frente sem cerimônia, beber aquela cachaça de aparência sinistra em um pote de azeitona em cima do balcão, ter tomado aquele ecstasy no show, ter traçado aquela gracinha do restaurante, visitar lugares exóticos, ir a lugares que pessoas decentes não entrariam, sacanear um amigo mal-vestido, chutar um pombo do meu caminho, pular de bungy-jump, porque não mandei ele tomar no cú, porque não ... ...disso, não levarei arrependimento algum, está tudo lá documentado em minhas memórias finais junto com meus pequenos orgulhos como nunca ter experimentado muitas substâncias ilegais e nunca usar nada regularmente, recomeçar minha vida constantemente ainda que sem muito sucesso, aprender novas profissões, me mandar do Brasil e saber o que é ser estrangeiro, ferrar impiedosamente alguns que me ferraram, ajudar umas poucas pessoas no caminho.
Tenho meus pecados também - quem não tem ?
Negligenciar família e amigos por algum prazer novo ? Não tive problemas. Fazer alguma coisa estúpida e impensada extremamente bêbado ? E quem pensa numa hora dessas ? Cometer atrocidades contra patrimônio alheio ? Check. Dizer em voz alta que acha a igreja um saco ? Perdi a conta. Amarrar um kitchenhand com silvertape e deixar por uma hora imóvel ? Hilariante. Dar aquele chutinho que falta para aquele amigo bêbado cair da banqueta e se esborrachar no chão ? valeu a pena.

Nesse momento, terei um leve momento de consciência e ouço o paramédico dizer "Esse aí já se fu..." enquanto desgruda o logo da mercedes do meu peito com uma espátula para o outro aplicar os eletrochoques, vejo o céu azulzinho, fecho meus olhos para novamente tentar encontrar o saldo - família, amigos, tudo valeu a pena, talvez eu não tenha sido tão ingrato assim tantas vezes, o quanto não faria por eles ainda ?
Os paramédicos estão se levantando, aquele está pondo o logo no bolso (pra quê meu Deus ?) e se vão.

mas o que me deixa realmente puto :

Não pude chupar a droga do picolé.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Diariamente, versao Auckland.

O despertador toca as tres da manha;
Me levanto com dificuldade, rolei durante e noite e acabei acordando em cima de minhas costelas quebradas que me urgem para que eu tire o peso de cima delas imediatamente, me sinto fraco e cambaleante no caminho até o banheiro onde engulo dois Panadols com agua da pia - me visto sem prestar muita atenção a cores e estampas ou qualquer outro senso fashion (quando chega a hora de me vestir para voltar para casa, parece que me vesti no escuro) e ponho mais quatro comprimidos no bolso por precaução: dois para as costelas e mais um para cada aprendiz de cozinha presente.
No caminho ao trabalho acendo um cigarro e paro no Starmart para comprar um Red Bull e mais cigarros, vou precisar do coice de cafeina rapidamente e viro de uma vez a latinha - comprei sugar-free como se precisasse - minhas roupas estão comecando a sentir largas e percebo que estou perdendo peso novamente, estou a caminho de me tornar uma tripa de nervos e ossos além de precisar me exercitar de outra maneira à de carregar caixas de óleo, preciso de exercicio real além de ser uma boa idéia sair debaixo das lampadas fluorescentes da cozinha de vez em quando e ver o Sol, pode-se ver minhas olheiras a kilômetros de distância.
Chego até a Skycity me arrastando após a longa subida (íngreme) da Victoria St., termino mais um cigarro e entro meio que me arrastando até o Guarda-roupas central, aonde peço meu uniforme depois de esperar em uma fila de dez minutos, as mulheres do lugar já me conhecem por nome e número de lote e vem com um uniforme limpo antes que eu peça.
Ponho meu uniforme e vou para o deck para fumantes degenarados que não merecem estar com as outras pessoas normais, tomo minha xícara de café preto instantâneo e fumo mais um cigarro enquanto penso em qual tortura psicológica irei infringir a um de meus aprendizes que nos deixou na mão ontem, fugiu no Sábado sem fazer a preparacao do Domingo (do qual que teve folga) o pequeno miserável terá de pagar com sangue e lágrimas como todos nós, chefs mortais, tivemos que pagar por nossos erros durante nosso longo caminho ao aprendizado.
Entro na cozinha e os FDPs da noite roubaram meu plástico-filme, minhas toalhas de papel e uns tantos utensílios valiosos em uma cozinha moderna, quero matar a tudo e todos. Oscar, nosso maníaco-depressivo-obssessivo Chef de Partie já está lá e comeca a me dar ordens e gritar antes que eu diga uma só palavra, ignoro e digo "Bom Dia" em um tom nada encorajador. Meu aprendiz chega, imediatamente digo que o pequeno ataque de preguiça dele parou três seções da cozinha e que a próxima vez que acontecesse eu o levarei para dentro da camara fria e farei ele soltar gritinhos e arrevirar os olhinhos; ele fica em silêncio por algum tempo e entra na geladeira de onde voltará segundos depois com um mini-pacote de frango defumado com o adesivo "use primeiro".
"Você pode me explicar isso ?" dizia o pequeno bastardo;
Senti a última gota caindo, minha veia que cruza a testa agora pulsava, a visão se tornando avermelhada:
"Talvez estivéssemos muito ocupados consertando a SUA MERDA para prestar atenção em 100grs. de frango !!! Ou talvez eu simplesmente não quisesse usar a sua merda de frango - enfim, EU NÃO ME REPORTO A VOCÊ SEU PEQUENO MERDA !!!
Foi um latido curto, alto e grosso (gosto da minha voz de manhã, as cordas vocais ainda frias dão um tom mais drástico) e até o Oscar está quieto agora, o aprendiz está exatamente aonde eu quero - de costas, quieto e com a cara enfiada no trabalho.
Motim contido, estou feliz por saber que mesmo não sendo mais o dono da cozinha, ainda não perdi o jeito.
Uma hora depois, o aprendiz toma coragem para me perguntar algo e todas sua frases e perguntas sãao precedidos por "Chef", nada como um bom latido para pôr as coisas em ordem, mas os aprendizes tomam muito o meu tempo perguntando coisas que amanhã irão esquecer e fazer todas as merdas logo em seguida e da mesma maneira, já estou atrasado para suprir os pedidos dos restaurantes e ainda tenho que ficar nessa perguntação toda... ...as caixas com as entregas chegam e ninguém se move para pôr tudo no lugar (visto que os aprendizes vão inevitavelmente pôr as mercadorias nos lugares errados, eu mesmo guardo) e a cada caixa de 20,30 kilos, sinto minhas costelas se movendo aleátoriamente dentro de minha pele, a sensação é mais a de um repuxo do que de dor e mastigo mais dois panadols prevendo a justiça divina.
As oito da manhã, quando os restaurantes vem buscar os pedidos o caos se instaura e ponho meus aprendizes para correr enquanto termino de empacotar, pôr etiquetas e separar os pedidos para cada outlet e só as nove e meia (atrasado) consigo me ver livre de tudo. Vou para o meu break, a masmorra para fumantes, tomar mais dois cafés pretos e tentar pensar no que vou precisar para amanhã e no que precisa ser comprado para amanha. Os comprimidos comecaram a agir e me sinto ligeiramente aliviado.
Volto, limpo minha bancada e saio pela cozinha atrás de minhas facas que aparentemente são de uso público, todos adoram minhas facas Victorinox, novinhas e sempre afiadas para me devolverem sem darem ao trabalho de limpar - mais um latido sobre as facas e volto a trabalhar : ainda preciso limpar e cortar 40 kgs de polvo e tentar cozinhar e embalar a vácuo antes de meio-dia.
Coisas a serem feitas aparecem do nada, e meu estomago é agora uma ácida combinação de Red Bull, café e analgésicos que em nada ajudam a enfrentar o dia, agora tento fazer os aprendizes terminar a preparação para amanhã SEM FALHAS, infelizmente sou responsável por estes merdinhas - tortura e opressão são as palavras-chave para definir o tratamento adequado.
Ás duas da tarde, consigo pôr tudo em ordem e estou pronto para ir embora, algumas pequenas coisas a fazer de última hora então duas e meia estou deixando a cozinha engatinhando até o vestiário onde posso amaldiçoar o meu armário que fica bem no meio do corredor principal e na parte de baixo - tenho que me agachar bem no meio do caminho de todos que estão passando, um saco.
Me visto e vou para o Palace - o nome não lembra em nada o lugar, apostem, mas tem uma cerveja decente a preços razoáveis e um ensolarado deck com mesas e cinzeiros enormes - o buteco pé-sujo aonde o staff se encontra após o turno. Peço uma pilsner, sento com os outros chefs e descemos a lenha na empresa como é de praxe. Acrescento o assunto "morte aos aprendizes" e todos queremos realmente matá-los de vez em quando, quem não sabe...
Vou para casa, como qualquer coisa que esteja facilmente disponível e caio duro no sofá, de onde só levantarei para banheiro/banho/cama e depois para o começo deste texto.
Vou entrar para a academia tão logo minhas costelas sarem, Deus me ajude.

PS:- Decidi escrever um livro, oficialmente, só preciso resolver umas paradas sobre o uso do computador (que em casa tem sido difícil, quando estou acordado, não posso usar) e preciso me sentar em frente a esta merda e só levantar pelo menos duas horas depois obrigatoriamente. Agora... falar sobre o quê, quando se tem uma vida como a minha, fica dificil...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Pense leve.

Como profissional da area de nutricao (que maneira gentil de dizer cozinheiro) tenho notado mais e mais o quanto somos uma geracao de pessoas saudaveis; em tempo, a evolucao chegou a nossas mesas.
Dando uma voltinha pelo supermercado me deparei com as mais variadas opcoes de tudo que se pode pensar - meu milho verde eh 100% GM free (genetically engineered - nao transgenico) gracas as manifestacoes dessas pessoas maravilhosas que param o centro da cidade causando milhares de dolares de prejuizo para as empresas locais, todos com os bracos levantados segurando placas e cartazes de madeira (nem sabia que podia !) suas sandalias de couro encardidas e sovacos cabeludos, todos em unissono exigindo medidas da primeira ministra para bloquear a entrada de transgenicos na NZ (e eu que achava que as pessoas que nao tem nada para comer, eh que tinham um problema - antes nao comer nada do que transgenicos certo ?) e quando a passeata termina, poem seus casacos D&G, entram nas suas beemers com bancos de couro e vao para casa, comer sua comidinha macrobiotica preparada pelo cozinheiro salvadorenho.
Enfim, meu milho verde eh isento de agrotoxicos (e eh branco ao inves de amarelo) meu suco de laranja tem calcio (esqueca o leite, eh de origem animal), meu frango eh subnutrido, minha margarina tem zero colesterol e zero sabor, meu chocolate eh 99% isento de gordura e leva horas para derreter na boca, minhas batatas fritas tem 75% menos gordura saturada, minhas laranjas sao do tamanho de limoes e minhas costelas de porco receberam tratamento psicologico antes de serem abatidas.
O que tera acontecido com o bacon, a carne com a gordurinha dourada, um naco de manteiga derretendo na frigideira de ferro, pesada, daquelas que dizem, liberam milhares de toxinas na comida mas que fritam, douram no fogao e direto no forno que eh uma beleza - ah, manteiga, se voce entra em um restaurante, principalmente frances, voce estara comendo kilos e kilos de manteiga (amando) e ate uma coisa insossa (nem tanto se bem preparado) como uma sopa Vichyssoisse tem sua parcela de manteiga para dourar a cebola e o alho-poro quando nao presente tambem no pure de batata usado, viva a manteiga.
Mas tentar explicar isso a uma pessoa acorrentada a uma arvore no centro da cidade impedindo a prefeitura de corta-la (mesmo que a arvore esteja podre e ameace cair em cima de um orfanato lotado) fica meio complicado - eles estao sempre certos e corretos (alias, corretos - politicamente corretos - me da ate brotoejas de ouvir) e cada vez que um entrava em meu restaurante comecava o drama, Ceasar Salad sem queijo, maionese, lardons, e esqueca o ovo no topo. Geralmente nessas, eu gritava "sai um prato de alface e pao" atestando a burrice de alguem assim sair de casa para comer. Mais facil ficar vendo tv roendo uma cenoura crua.
Antigamente as pessoas viviam bem, ate menos, mas bem, comendo comida feita com banha, ingredientes frescos eh claro, mas nao tinha essa de colesterol (quando nao se sabia da existencia, acho que nao existia mesmo), transgenico, natureba - cozinhava-se o que se conseguia agarrar e os europeus eram mestres em aproveitar cada pedacinho de carne, vegetais, frutas criando compotas, linguicas, curados, pates (foie gras, que dadiva), entre muitas outras invencoes que perduram como a mais classica cozinha.

Vegetarianos ? Eles nao aproveitam a vida - comer bem e o que se quer faz parte da vida. Alem do mais, um adesivo colado no para-choques protestando contra a matanca de gado soa bem melhor do que dizer que gosta de bife mal-passado.

quinta-feira, janeiro 19, 2006



Dia de branco na Skycity - odeio esse chapeu, pareco uma forma de pao.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Resolucao de ano novo.


Mais um ano e mais um pacote de resolucoes a se cumprir, sera que dessa vez eu engreno ? Putz, todo ano eh a mesma coisa (com excecao de um, em que eu perdi 12 kgs)mas desta vez os anos a mais, meu mau-humor e pessimismo acumulados durantes meus parcos 30 aninhos vao se interpor entre eu e meus mais intimos desejos ?
Na verdah eh tudo uma questan de perseveranca - perseveranca em nao botar aquele cigarro na boca, muito mais perseveranca em nao abocanhar aquela gordurinha douradinha da picanha e se contentar com a Coca-light enquanto observa seus magrelos amigos entornando litros e litros de cerveja - eh mais um exercicio de privacao, auto-punimento do que forca de vontade mesmo. Mas que eu vi meus peitos caidos nas ultimas fotos da praia, ah isso eu vi.
Quando eu decidi me matricular em uma academia, quebrei as costelas e vai levar seis semanas para curar entao digamos que meu entusiasmo ja foi por terra, ja havia decidido levar uma vida mais saudavel e aqui me encontro: sentado em meu sofa com manchas de batata-frita em minha camiseta escrita Janio 85, assistindo TV e me empanturrando, quando nao estou sentado a frente do micro entornando uma cerveja (mas isso, fazem decadas que nao acontece, pegar leve no alcool foi uma das promessas inclusas) me dar um upgrade na carreira, que foi mais uma das resolucoes comecou com uma semana de licenca medica.
Todo ano eu decido me tornar uma pessoa melhor, mas a pessoa ma e antiga sempre vence o pareo - se nem lista de supermercado eu consigo fazer e manter em um lugar acessivel e facil de lembrar, quem dira resolver os problemas do mundo ?
Ser menos relapso com meus amigos e familia, menos relapso com o trabalho, com a saude... ...todas as promessas de ano-novo se resumem a isso : ser menos relapso.
Me digam, como ser menos relapso com burocracia de imigracao quando se trabalha sessenta horas por semana em horarios nada convencionais, como ser pontual, disposto, atuante, moderno, light e ativo ? Apos um turno de quatro da manha as duas e meia, tudo que eu quero eh espancar uma meia duzia de pessoas e dormir como um anjo (ate acordar as tres da manha, e querer matar mais alguem) e como ser educado com o ascenssorista (ainda nao sei como se escreve esta merda de palavra) as tres e meia da manha, sabendo que depois do trabalho voce vai ter que correr 10 kms, sem fumar depois e ainda por cima lavar roupa quando chegar em casa ? nao tem cristao que aguente.
E tem tambem a listinha de compras para o ano, realizacoes :
- Um sapato Helmutt Lang de cromo;
- Uma BMW preta, pode ser 318i, nao ligo;
- Um Ipod daqueles mais caros e grandes, os minis eh pra esconder na bunda, nao quero;
- Um frasco de Mont-Blanc presence, tamanho container de Santos;
- Calcas Caqui Ermenegildo Zegna, so pagando uma fortuna iria me fazer usar aquilo;
- Camera Digital de 7 mega pixels (sempre que tenho grana pra comprar, acho que nao preciso);
- Uma bicicleta Giant speedy, de 18 marchas e quadro de kevlar, para pagar de gatinho em Mission Bay;
- Um par de oculos escuros Armani, tenho uns vinte pares made in Taiwan que juntos devem dar o preco de um churro;
- Valium 11 - umas dez cartelas pelo menos;
- Um corte de cabelo em um salao, com massagem, cafezinho e cafune : nao aguento mais cortar cabelo em casa;
- Uma porra de uma empregada para passar roupa;
- Medicamentos sob prescricao;
- Ajuda profissional.

Coisas obtidas em 2005 :
- Um micro com 80 GB, 512MB Ram, Monitor LCD 17", CD/DVD Burner, caixas de som de gosto duvidoso;
- Um celular Nokia 6320 que ganhei de presente;
- Um frasco de Ralph lauren Safari;
- Um contrato de aluguel de um apartamento no centro de Auckland (incluso energia e telefone + Internet);
- Duas facas Victorinox iradas, da pra cortar ate pensamento leve;
- Meu nome na lista telefonica de Auckland;
- Uma jaqueta da Victorinox.

Como voces podem perceber, 2005 foi muito produtivo para mim.
Entao tenho um objetivo a cumprir em 2006, cuidar mais de mim, fazer mais amigos e realizar que :
- todos os dias, pelo menos 30 criancas morrem de inanicao no mundo;
- Todos os dias, outras ficam cegas por falta de um dolar para a medicacao necessaria (por semana);
- Todos os dias, outras milhares morrem por doencas que poderiam ser curadas simplesmente por penicilina;
- Que a pobreza absoluta deve acabar.
www.one.org

Eu nao tenho os milhoes do Bono para doar, mas quem sabe, minha resolucao de ano novo possa ser realmente me tornar uma pessoa melhor ? Quem sabe eu possa fazer a diferenca ?
Quem sabe eu faca.

segunda-feira, janeiro 09, 2006



Eu estou de volta.

domingo, janeiro 08, 2006



Raio x


Maca, o meu novo kart


Na maca... derrubado.



Essa pulseirinha sinistra...


Edu.


Simone Distraida


Balsa



Pelados a distancia... tirada pelo celular. Esquecam ver detalhes.


Olha essa... a tal da praia da sacanagem.



Paraiso.




Praia !!! Nos invadir sua playa !!!

Curiosidade

Gente, quem mora em Ribeirao Preto ou Tanquinho em Sao Paulo ?
Voces sao leitores fieis, devo dizer - meu mais sincero obrigado, achei interessante alguem que nao me conhece se interessar pelo meu site.
Amo esse site meter.

Naturalistas

Ontem fomos dar uma banda na praia.
Eduardo e Simone me convidaram para ir a Waihiki, uma ilha a meia hora de balsa de Auckland com natureza quase intocada e praias belas, belissimas, aonde os kiwis podem torrar suas bundas europeias e se sentirem em um clima tropical - tudo isso com um tempero a mais : duas praias de nudismo, coisa rarissima na Nova Zelandia.
Chegamos naquela empolgacao - Eu, Eduardo, Simone e Lorena (Clayton eternamente trabalhando), alugamos um carro e saimos como uma ameaca brasileira em meio a bikinis imensos, peles alvas como a mais seda branca, insolacoes aterradoras e muito, muito Sol... ...de certa forma, estavamos nos sentindo no Brasil novamente, praias com gente circulando, areia branca e fina (raro tambem aqui) e um isopor carregado de cerveja. Escolhemos Onetangi Bay, estacionamos o carro e armamos acampamento tentando visualizar os naturalistas em volta : nada. Nos contentamos com as aguas cristalinas e os europeus circulando com seus calcoes imensos, peles avermelhadas que nos encaravam ao ver os bikinis brasileiros, as cores das peles bronzeadas das meninas e a enorme quantidade de garrafas de cerveja vazias em volta das esteiras. Eramos uma comunidade alienigena, uma aberracao tropical em meio ao cenario.
Apos umas duas horas, comecamos a ficar irriquetos pensando nossos proximos passos :
"e a praia de nudismo hein, tem mais alguem curioso ?"
Nao tinhamos ideia da onde o lugar ficava, saimos procurando apos o almoco e basicamente o que perguntavamos aos locais era: "e aqui que a sacanagem rola ? nao ? aonde que eh entao ?"
A tal praia ficava entre uma pedras, lugar paradisiaco, aguas cristalinas e uns poucos naturalistas exibiam seus dotes. Risadinhas, rostos corados fizeram parte da entrada (na verdade eu ja havia ido a praias nudistas e estava nao tao impressionado, me sentia mais curioso) e pudemos comprovar o que ja sabia em minhas experiencias anteriores - 70% dos naturalistas que frequentam essas praias estao acima dos 55 anos, show de horror, pudemos comprovar ao vivo a equacao natureza x gravidade (gravidade 14, natureza 0) mas nao deixamos nossos espiritos de porco serem detidos por esse reves, nos instalamos no meio da praia e curtimos um dos lugares mais belos que ja vi na vida.
Alguns naturalistas mais jovens chegaram, as coisas ficaram mais interessantes : como se paquera pelado ? Fiquei intrigado e pude comprovar que nesse momento crucial, o contato se faz com os naturistas (pasmem) se cobrindo com cangas e toalhas, o misterio, senhoras e senhores, eh ainda o maior afrodisiaco que existe, parece que eh uma lei nao-declarada que o approach deve ser feito sem mostrar suas partes pudendas (apos meia hora de conversa, ai sim, as cangas caem e tudo esta natural de novo). Fiquei curioso com aquilo.
Pensei como seria um mundo naturalista : executivos carregando pastas e usando apenas gravata e meias pretas, secretarias esbarrando os peitos nos teclados dos computadores, amigos se encontrando nas ruas (se abracam ou nao ?), o fato de os restaurantes nao serem mais lugares seguros para se comer (e os chefs? ja cheguei a pensar em milhares de queimaduras e lesoes nada agradaveis)...
Tudo seria muito normal, nudez na TV deixaria de ser um tabu, talvez as pessoas se respeitassem mais sem julgamento... ...e a sacanagem.
A sacanagem, infelizmente, faz parte das mentes e coracoes brasileiros - eramos com certeza os unicos pensando em sacanagem naquela praia.

Brasileiro eh fogo.

Caetano X Gil

Enfim, isso aconteceu.
O ministro Gilberto Gil se indispos com Caetano (ao menos publicamente) quando um criticou a politica de distribuicao de verbas do outro (o artista x o Ministro) - quase surreal isso.
Nao cansados de aporrinhar o cenario cultural brasileiro por quase quarenta anos, agora porque nao aporrinhar uns aos outros ? Nos anos oitenta, principalmente no comeco, ai de quem nao tinha a bencao dos tropicalistas - os grupos de rock dos oitenta que o digam, MPB entao, pior.
Respeito muito o trabalho deles, so nao respeito o fato de esses artistas terem ditado ao Brasil o que seria bom e o que seria ruim em materia de musica (leiam Vamos a luta companheiros : o rock brasileiro nos anos 80) e fizeram exatamente com as bandas o que Caetano esta fazendo com Gil, acusando de centralizador e totalitario. Um duelo de Titas.
Nao que os dois irao deixar de ser amigos, essa deve ser uma briga daquelas de escritorio aonde se quebra o pau, e as seis todos saem para o happy hour juntos para beber e esquecem todas as rusgas do horario comnercial; mas soa interessante duas majestades dessas se confrontando dessa maneira.
Talvez eles devolvam os Cds, os presentes, os discos de ouro e cartoes de Natal, Aniversario, talvez eles apaguem o nome um do outro do celular, talvez nunca mais se falem e dai ? Sera o fim de um dos mais grandiosos movimentos culturais das ultimas decadas ?
E se continuarem amigos, como serao as conversas e festas seguintes ? Precedidas daquele silencio perturbador em quem ninguem se atreve a quebrar (e quem se atreve a se meter em uma conversa entre Gil e Caetano ? Eu nem a pau me metia)... No final da noite, apenas aquele aperto de mao e cada um pra seu lado ?
Eu respeito ambos pelo seguinte : Caetano manteve seus principios de artista mesmo tendo que criticar o ministerio de seu melhor perceiro e Gil por sua vez adotou a postura de ministro e perguntou qual a razao de estar intocado em um debate tao serio, assumindo a responsabilidade das decisoes tomadas.
E no fundo musical de tudo isso, Calypso recebendo discos de ouro, pagodeiros dirigindo seus carroes e iates, diretores talentosos que jamais terao a oportunidade de expressar suas opinioes para o mundo e 99,8% da populacao esta ocupada demais sobrevivendo para ter epifanias intelectuais, e sinceramente, nao dao uma merda pra tudo isso.

Meu conselho de amigo ? Reatem a amizade, se abracem, beijem, quarenta anos soa muito tempo para se desperdicar assim, eu uma crise qualquer.

E sinceramente : quem realmente se importa ?

Da serie : porque eu so me f...

Antes de mais nada, feliz 2006 a todos, que este ano tenha comecado maravilhosamente a todos pois acho que o meu comecou desastroso por todos voces.
Bem, por onde comecar ? Claro, o Natal.
Natal em Auckland pela primeira vez, pela primeira vez junto dos meus amigos e o resultado voces ja viram, enfim, ultimo dia do ano comecei com trabalho as quatro da matina seguido de uma leve cerveja pos-lavoro que resultou em sono profundo e imediato, cheguei em casa as duas e tanto da tarde direto para a cama para meu cochilo ate as nove da noite quando iria acordar e tentar salvar minha passagem gloriosa rumo a 2006 - estava decidido a fazer isso dar certo, queria uma ponta de esperanca para meu ano quem nao quer ?
Acordei as nove com varias mensagens em meu celular da Simone, me chamando para uma festa de ano novo do Stu, um dos Gerentes de RH da Skycity que por sinal eu detesto (ir so para irrita-lo pareceu extremamente sedutor) e alias, nao tinha mais nada interessante a fazer porque nao ? Iria levar a Lorena minha flatmate (Clayton, o namorado dela estava trabalhando) e umas garrafas de champagne para fazer barulho a meia-noite.
Chegamos, festa estranha com gente esquisita... ...me enturmei ao maximo, mas pude constatar que a festa do Stu era um retumbante fracasso (uma leve ponta de prazer ao afirmar isso) e na falta de coisa melhor a fazer enchemos a cara e voltamos para a casa as 2:30 da manha - apenas em tempo de tirar um cochilo de 15 minutos e ir para o trabalho naquela condicao que vcs ja podem imaginar, foi um looooongo dia primeiro, mais uma vez pude me arrepender de ter nascido.
Dia 2 de Janeiro, trabalho, casa, jantar na casa do Edu da Si para compensar o fiasco da virada, tudo correu bem mas tive que ir embora mais cedo para dormir algumas horinhas e ir trabalhar (enche o saco essa repeticao nao ? imagina para mim, que realmente tenho que trabalhar cada vez que cito essa palavra) e dois dias de folga, enfim, apos passar as festas trabalhando de ressaca nada como uma boa folga para animar os espiritos. Quarta-feira, dia de ocio, fui sequestrado por Ricky e sua namorada para ir correr de Kart indoor - adrenalina e um pouco de minha vida antiga, a excitacao,o barulho dos motores, estava vivo novamente... ...mal podia esperar para pular em um kart e sair barbarizando pela pista, extravasar toda a agressividade contida nas festas. Primeira corrida, peguei terceiro lugar e me preparava para o grid de largada : sai enlouquecido perseguindo cada um dos participantes mas Ricky dirige como uma velhinha a caminho da feira, bloqueava todos e irritava por sempre ter uma longa fila atras do seu kart sem ao menos se preocupar em dar passagem. Numa dessas desesperadas tentativas de ultrapassa-lo, o imbecil perde o controle do kart e colide com o meu. Senti minhas costelas esquerdas sendo esmagadas pelo banco e o cinto de seguranca queimando meu pescoco (apenas 5 mins. de corrida haviam se passado) e a dor era lancinante, amaldicoei, xinguei, e meti o pe-na-tabua novamente com o intuito unico de A)Ganhar a Corrida B)matar Ricky fazendo seu kart cair para fora do circuito. Cheguei em segundo por causa da cacetada, meio que bebado de adrenalina, meio que letargico de dor.
Tudo estava bem alem de uma leve dor nas costelas, fomos tomar alguns drinks com amigos e a meia-noite fui embora por estar com dor e cansado.
Quinta-feira, dia em casa me recuperando, leve dor mas sem grandes esforcos - evitei me esforcar muito e resolvi que o descanso era merecido, iria voltar ao trabalho na sexta-feira e deveria estar zero km.
Sexta-feira, levantar da cama exigiu um sacrificio extra - minhas costelas agora exigiam a conta - fui ao trabalho tentando nao exagerar, para mim, aquilo era apenas um arranhao e deveria deixar de ser chorao... ...ja aguentei coisa muito pior, iria comecar a dar uma de bundao a essa altura da vida ?
O trabalho foi longo, o dia nao passava e a dor aumentava, nao podia me virar a nao ser que virasse o corpo inteiro, evitei carregar caixas e coisas pesadas e resolvi contar aos chefs o que havia acontecido, fizeram piadas, etc...
Ao tentar andar de volta para casa a dor se manifestou de vez, a cada passo gemia, urrava, suava frio - as costelas doiam como que agulhadas profundas, me joguei em um taxi e pedi que me levasse para o hospital.
Duas costelas quebradas, uma semana de folga (a parte boa), e 2006 comecou para mim.
2006 vai ser um bom ano.
 
Zilek : Immobilier Vervins
Immobilier
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