terça-feira, janeiro 31, 2006


My mate Fran, o head-chef do Tatler em Queenstown - BDO 2006


BIG DAY OUT - The White Stripes, Iggy and the Stooges... o melhor show da NZ !!

Meus fatídicos últimos momentos.

Tive uma visão, uma imagem na minha cabeça que criei para definir esse momento hipotético do qual fantasiei por muito tempo;

Estarei atravessando uma rua qualquer, Sol raiando, um dia lindo e memorável de Verão e estarei distraído tentando abrir a embalagem de meu fruttare de uva quando avistarei ele vindo : grande, imponente, a sombra se aproximando de mim tao rapidamente que mal pude perceber sua chegada...
...ele, por qual esperei minha vida inteira (e pensar que neste momento estou usando apenas havaianas pretas, short jeans e camiseta do Pearl Jam)e quem me conhece há muito tempo vai reconhecer na hora de quem estou falando - O Danúbio Azul, o símbolo da mercedes já meio gasto pelo tempo e pelos milhares de insetos esmagados e ressecados, o azul marinho sobre branco inconfundível, o letreiro escrito "ESPECIAL" em cima e aquela placa rebuscada a pincel atômico em cima do painel, grudada a durex diz "Aparecida do Norte" em letras tortas verde-abacate escuro, o chiado dos freios, a cara de pânico do motorista com seus óculos escuros enormes e braços esticados grudados ao volante, a camisa azul desbotada de praxe, as malas dos passageiros caindo dos compartimentos acima dos bancos e as duas senhoras de idade no primeiro banco tapando os olhos e rebuscando o que parece os primeiros acordes de uma prece - tudo isso distorcido pelo calor do asfalto pelando e do radiador.
Estarei lá, como uma rã no meio do asfalto hipnotizada pelo brilho dos faróis de um carro apenas aguardando seus momentos finais e tentando avaliar o que seria tudo aquilo, mas agora é tarde demais.
Tenho consciência de que serão meus últimos momentos e muitas coisas se passam pela minha mente, tudo muito rápido claro, mas os saldos e balanços estão todos ali, uma longa e extensa conta aparecerá e verei o saldo.

Não tenho muitos arrependimentos, tenho mais arrependimento do que não fiz na verdade; falar o que quero a quem quero, comer tudo que foi posto à minha frente sem cerimônia, beber aquela cachaça de aparência sinistra em um pote de azeitona em cima do balcão, ter tomado aquele ecstasy no show, ter traçado aquela gracinha do restaurante, visitar lugares exóticos, ir a lugares que pessoas decentes não entrariam, sacanear um amigo mal-vestido, chutar um pombo do meu caminho, pular de bungy-jump, porque não mandei ele tomar no cú, porque não ... ...disso, não levarei arrependimento algum, está tudo lá documentado em minhas memórias finais junto com meus pequenos orgulhos como nunca ter experimentado muitas substâncias ilegais e nunca usar nada regularmente, recomeçar minha vida constantemente ainda que sem muito sucesso, aprender novas profissões, me mandar do Brasil e saber o que é ser estrangeiro, ferrar impiedosamente alguns que me ferraram, ajudar umas poucas pessoas no caminho.
Tenho meus pecados também - quem não tem ?
Negligenciar família e amigos por algum prazer novo ? Não tive problemas. Fazer alguma coisa estúpida e impensada extremamente bêbado ? E quem pensa numa hora dessas ? Cometer atrocidades contra patrimônio alheio ? Check. Dizer em voz alta que acha a igreja um saco ? Perdi a conta. Amarrar um kitchenhand com silvertape e deixar por uma hora imóvel ? Hilariante. Dar aquele chutinho que falta para aquele amigo bêbado cair da banqueta e se esborrachar no chão ? valeu a pena.

Nesse momento, terei um leve momento de consciência e ouço o paramédico dizer "Esse aí já se fu..." enquanto desgruda o logo da mercedes do meu peito com uma espátula para o outro aplicar os eletrochoques, vejo o céu azulzinho, fecho meus olhos para novamente tentar encontrar o saldo - família, amigos, tudo valeu a pena, talvez eu não tenha sido tão ingrato assim tantas vezes, o quanto não faria por eles ainda ?
Os paramédicos estão se levantando, aquele está pondo o logo no bolso (pra quê meu Deus ?) e se vão.

mas o que me deixa realmente puto :

Não pude chupar a droga do picolé.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Diariamente, versao Auckland.

O despertador toca as tres da manha;
Me levanto com dificuldade, rolei durante e noite e acabei acordando em cima de minhas costelas quebradas que me urgem para que eu tire o peso de cima delas imediatamente, me sinto fraco e cambaleante no caminho até o banheiro onde engulo dois Panadols com agua da pia - me visto sem prestar muita atenção a cores e estampas ou qualquer outro senso fashion (quando chega a hora de me vestir para voltar para casa, parece que me vesti no escuro) e ponho mais quatro comprimidos no bolso por precaução: dois para as costelas e mais um para cada aprendiz de cozinha presente.
No caminho ao trabalho acendo um cigarro e paro no Starmart para comprar um Red Bull e mais cigarros, vou precisar do coice de cafeina rapidamente e viro de uma vez a latinha - comprei sugar-free como se precisasse - minhas roupas estão comecando a sentir largas e percebo que estou perdendo peso novamente, estou a caminho de me tornar uma tripa de nervos e ossos além de precisar me exercitar de outra maneira à de carregar caixas de óleo, preciso de exercicio real além de ser uma boa idéia sair debaixo das lampadas fluorescentes da cozinha de vez em quando e ver o Sol, pode-se ver minhas olheiras a kilômetros de distância.
Chego até a Skycity me arrastando após a longa subida (íngreme) da Victoria St., termino mais um cigarro e entro meio que me arrastando até o Guarda-roupas central, aonde peço meu uniforme depois de esperar em uma fila de dez minutos, as mulheres do lugar já me conhecem por nome e número de lote e vem com um uniforme limpo antes que eu peça.
Ponho meu uniforme e vou para o deck para fumantes degenarados que não merecem estar com as outras pessoas normais, tomo minha xícara de café preto instantâneo e fumo mais um cigarro enquanto penso em qual tortura psicológica irei infringir a um de meus aprendizes que nos deixou na mão ontem, fugiu no Sábado sem fazer a preparacao do Domingo (do qual que teve folga) o pequeno miserável terá de pagar com sangue e lágrimas como todos nós, chefs mortais, tivemos que pagar por nossos erros durante nosso longo caminho ao aprendizado.
Entro na cozinha e os FDPs da noite roubaram meu plástico-filme, minhas toalhas de papel e uns tantos utensílios valiosos em uma cozinha moderna, quero matar a tudo e todos. Oscar, nosso maníaco-depressivo-obssessivo Chef de Partie já está lá e comeca a me dar ordens e gritar antes que eu diga uma só palavra, ignoro e digo "Bom Dia" em um tom nada encorajador. Meu aprendiz chega, imediatamente digo que o pequeno ataque de preguiça dele parou três seções da cozinha e que a próxima vez que acontecesse eu o levarei para dentro da camara fria e farei ele soltar gritinhos e arrevirar os olhinhos; ele fica em silêncio por algum tempo e entra na geladeira de onde voltará segundos depois com um mini-pacote de frango defumado com o adesivo "use primeiro".
"Você pode me explicar isso ?" dizia o pequeno bastardo;
Senti a última gota caindo, minha veia que cruza a testa agora pulsava, a visão se tornando avermelhada:
"Talvez estivéssemos muito ocupados consertando a SUA MERDA para prestar atenção em 100grs. de frango !!! Ou talvez eu simplesmente não quisesse usar a sua merda de frango - enfim, EU NÃO ME REPORTO A VOCÊ SEU PEQUENO MERDA !!!
Foi um latido curto, alto e grosso (gosto da minha voz de manhã, as cordas vocais ainda frias dão um tom mais drástico) e até o Oscar está quieto agora, o aprendiz está exatamente aonde eu quero - de costas, quieto e com a cara enfiada no trabalho.
Motim contido, estou feliz por saber que mesmo não sendo mais o dono da cozinha, ainda não perdi o jeito.
Uma hora depois, o aprendiz toma coragem para me perguntar algo e todas sua frases e perguntas sãao precedidos por "Chef", nada como um bom latido para pôr as coisas em ordem, mas os aprendizes tomam muito o meu tempo perguntando coisas que amanhã irão esquecer e fazer todas as merdas logo em seguida e da mesma maneira, já estou atrasado para suprir os pedidos dos restaurantes e ainda tenho que ficar nessa perguntação toda... ...as caixas com as entregas chegam e ninguém se move para pôr tudo no lugar (visto que os aprendizes vão inevitavelmente pôr as mercadorias nos lugares errados, eu mesmo guardo) e a cada caixa de 20,30 kilos, sinto minhas costelas se movendo aleátoriamente dentro de minha pele, a sensação é mais a de um repuxo do que de dor e mastigo mais dois panadols prevendo a justiça divina.
As oito da manhã, quando os restaurantes vem buscar os pedidos o caos se instaura e ponho meus aprendizes para correr enquanto termino de empacotar, pôr etiquetas e separar os pedidos para cada outlet e só as nove e meia (atrasado) consigo me ver livre de tudo. Vou para o meu break, a masmorra para fumantes, tomar mais dois cafés pretos e tentar pensar no que vou precisar para amanhã e no que precisa ser comprado para amanha. Os comprimidos comecaram a agir e me sinto ligeiramente aliviado.
Volto, limpo minha bancada e saio pela cozinha atrás de minhas facas que aparentemente são de uso público, todos adoram minhas facas Victorinox, novinhas e sempre afiadas para me devolverem sem darem ao trabalho de limpar - mais um latido sobre as facas e volto a trabalhar : ainda preciso limpar e cortar 40 kgs de polvo e tentar cozinhar e embalar a vácuo antes de meio-dia.
Coisas a serem feitas aparecem do nada, e meu estomago é agora uma ácida combinação de Red Bull, café e analgésicos que em nada ajudam a enfrentar o dia, agora tento fazer os aprendizes terminar a preparação para amanhã SEM FALHAS, infelizmente sou responsável por estes merdinhas - tortura e opressão são as palavras-chave para definir o tratamento adequado.
Ás duas da tarde, consigo pôr tudo em ordem e estou pronto para ir embora, algumas pequenas coisas a fazer de última hora então duas e meia estou deixando a cozinha engatinhando até o vestiário onde posso amaldiçoar o meu armário que fica bem no meio do corredor principal e na parte de baixo - tenho que me agachar bem no meio do caminho de todos que estão passando, um saco.
Me visto e vou para o Palace - o nome não lembra em nada o lugar, apostem, mas tem uma cerveja decente a preços razoáveis e um ensolarado deck com mesas e cinzeiros enormes - o buteco pé-sujo aonde o staff se encontra após o turno. Peço uma pilsner, sento com os outros chefs e descemos a lenha na empresa como é de praxe. Acrescento o assunto "morte aos aprendizes" e todos queremos realmente matá-los de vez em quando, quem não sabe...
Vou para casa, como qualquer coisa que esteja facilmente disponível e caio duro no sofá, de onde só levantarei para banheiro/banho/cama e depois para o começo deste texto.
Vou entrar para a academia tão logo minhas costelas sarem, Deus me ajude.

PS:- Decidi escrever um livro, oficialmente, só preciso resolver umas paradas sobre o uso do computador (que em casa tem sido difícil, quando estou acordado, não posso usar) e preciso me sentar em frente a esta merda e só levantar pelo menos duas horas depois obrigatoriamente. Agora... falar sobre o quê, quando se tem uma vida como a minha, fica dificil...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Pense leve.

Como profissional da area de nutricao (que maneira gentil de dizer cozinheiro) tenho notado mais e mais o quanto somos uma geracao de pessoas saudaveis; em tempo, a evolucao chegou a nossas mesas.
Dando uma voltinha pelo supermercado me deparei com as mais variadas opcoes de tudo que se pode pensar - meu milho verde eh 100% GM free (genetically engineered - nao transgenico) gracas as manifestacoes dessas pessoas maravilhosas que param o centro da cidade causando milhares de dolares de prejuizo para as empresas locais, todos com os bracos levantados segurando placas e cartazes de madeira (nem sabia que podia !) suas sandalias de couro encardidas e sovacos cabeludos, todos em unissono exigindo medidas da primeira ministra para bloquear a entrada de transgenicos na NZ (e eu que achava que as pessoas que nao tem nada para comer, eh que tinham um problema - antes nao comer nada do que transgenicos certo ?) e quando a passeata termina, poem seus casacos D&G, entram nas suas beemers com bancos de couro e vao para casa, comer sua comidinha macrobiotica preparada pelo cozinheiro salvadorenho.
Enfim, meu milho verde eh isento de agrotoxicos (e eh branco ao inves de amarelo) meu suco de laranja tem calcio (esqueca o leite, eh de origem animal), meu frango eh subnutrido, minha margarina tem zero colesterol e zero sabor, meu chocolate eh 99% isento de gordura e leva horas para derreter na boca, minhas batatas fritas tem 75% menos gordura saturada, minhas laranjas sao do tamanho de limoes e minhas costelas de porco receberam tratamento psicologico antes de serem abatidas.
O que tera acontecido com o bacon, a carne com a gordurinha dourada, um naco de manteiga derretendo na frigideira de ferro, pesada, daquelas que dizem, liberam milhares de toxinas na comida mas que fritam, douram no fogao e direto no forno que eh uma beleza - ah, manteiga, se voce entra em um restaurante, principalmente frances, voce estara comendo kilos e kilos de manteiga (amando) e ate uma coisa insossa (nem tanto se bem preparado) como uma sopa Vichyssoisse tem sua parcela de manteiga para dourar a cebola e o alho-poro quando nao presente tambem no pure de batata usado, viva a manteiga.
Mas tentar explicar isso a uma pessoa acorrentada a uma arvore no centro da cidade impedindo a prefeitura de corta-la (mesmo que a arvore esteja podre e ameace cair em cima de um orfanato lotado) fica meio complicado - eles estao sempre certos e corretos (alias, corretos - politicamente corretos - me da ate brotoejas de ouvir) e cada vez que um entrava em meu restaurante comecava o drama, Ceasar Salad sem queijo, maionese, lardons, e esqueca o ovo no topo. Geralmente nessas, eu gritava "sai um prato de alface e pao" atestando a burrice de alguem assim sair de casa para comer. Mais facil ficar vendo tv roendo uma cenoura crua.
Antigamente as pessoas viviam bem, ate menos, mas bem, comendo comida feita com banha, ingredientes frescos eh claro, mas nao tinha essa de colesterol (quando nao se sabia da existencia, acho que nao existia mesmo), transgenico, natureba - cozinhava-se o que se conseguia agarrar e os europeus eram mestres em aproveitar cada pedacinho de carne, vegetais, frutas criando compotas, linguicas, curados, pates (foie gras, que dadiva), entre muitas outras invencoes que perduram como a mais classica cozinha.

Vegetarianos ? Eles nao aproveitam a vida - comer bem e o que se quer faz parte da vida. Alem do mais, um adesivo colado no para-choques protestando contra a matanca de gado soa bem melhor do que dizer que gosta de bife mal-passado.

quinta-feira, janeiro 19, 2006



Dia de branco na Skycity - odeio esse chapeu, pareco uma forma de pao.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Resolucao de ano novo.


Mais um ano e mais um pacote de resolucoes a se cumprir, sera que dessa vez eu engreno ? Putz, todo ano eh a mesma coisa (com excecao de um, em que eu perdi 12 kgs)mas desta vez os anos a mais, meu mau-humor e pessimismo acumulados durantes meus parcos 30 aninhos vao se interpor entre eu e meus mais intimos desejos ?
Na verdah eh tudo uma questan de perseveranca - perseveranca em nao botar aquele cigarro na boca, muito mais perseveranca em nao abocanhar aquela gordurinha douradinha da picanha e se contentar com a Coca-light enquanto observa seus magrelos amigos entornando litros e litros de cerveja - eh mais um exercicio de privacao, auto-punimento do que forca de vontade mesmo. Mas que eu vi meus peitos caidos nas ultimas fotos da praia, ah isso eu vi.
Quando eu decidi me matricular em uma academia, quebrei as costelas e vai levar seis semanas para curar entao digamos que meu entusiasmo ja foi por terra, ja havia decidido levar uma vida mais saudavel e aqui me encontro: sentado em meu sofa com manchas de batata-frita em minha camiseta escrita Janio 85, assistindo TV e me empanturrando, quando nao estou sentado a frente do micro entornando uma cerveja (mas isso, fazem decadas que nao acontece, pegar leve no alcool foi uma das promessas inclusas) me dar um upgrade na carreira, que foi mais uma das resolucoes comecou com uma semana de licenca medica.
Todo ano eu decido me tornar uma pessoa melhor, mas a pessoa ma e antiga sempre vence o pareo - se nem lista de supermercado eu consigo fazer e manter em um lugar acessivel e facil de lembrar, quem dira resolver os problemas do mundo ?
Ser menos relapso com meus amigos e familia, menos relapso com o trabalho, com a saude... ...todas as promessas de ano-novo se resumem a isso : ser menos relapso.
Me digam, como ser menos relapso com burocracia de imigracao quando se trabalha sessenta horas por semana em horarios nada convencionais, como ser pontual, disposto, atuante, moderno, light e ativo ? Apos um turno de quatro da manha as duas e meia, tudo que eu quero eh espancar uma meia duzia de pessoas e dormir como um anjo (ate acordar as tres da manha, e querer matar mais alguem) e como ser educado com o ascenssorista (ainda nao sei como se escreve esta merda de palavra) as tres e meia da manha, sabendo que depois do trabalho voce vai ter que correr 10 kms, sem fumar depois e ainda por cima lavar roupa quando chegar em casa ? nao tem cristao que aguente.
E tem tambem a listinha de compras para o ano, realizacoes :
- Um sapato Helmutt Lang de cromo;
- Uma BMW preta, pode ser 318i, nao ligo;
- Um Ipod daqueles mais caros e grandes, os minis eh pra esconder na bunda, nao quero;
- Um frasco de Mont-Blanc presence, tamanho container de Santos;
- Calcas Caqui Ermenegildo Zegna, so pagando uma fortuna iria me fazer usar aquilo;
- Camera Digital de 7 mega pixels (sempre que tenho grana pra comprar, acho que nao preciso);
- Uma bicicleta Giant speedy, de 18 marchas e quadro de kevlar, para pagar de gatinho em Mission Bay;
- Um par de oculos escuros Armani, tenho uns vinte pares made in Taiwan que juntos devem dar o preco de um churro;
- Valium 11 - umas dez cartelas pelo menos;
- Um corte de cabelo em um salao, com massagem, cafezinho e cafune : nao aguento mais cortar cabelo em casa;
- Uma porra de uma empregada para passar roupa;
- Medicamentos sob prescricao;
- Ajuda profissional.

Coisas obtidas em 2005 :
- Um micro com 80 GB, 512MB Ram, Monitor LCD 17", CD/DVD Burner, caixas de som de gosto duvidoso;
- Um celular Nokia 6320 que ganhei de presente;
- Um frasco de Ralph lauren Safari;
- Um contrato de aluguel de um apartamento no centro de Auckland (incluso energia e telefone + Internet);
- Duas facas Victorinox iradas, da pra cortar ate pensamento leve;
- Meu nome na lista telefonica de Auckland;
- Uma jaqueta da Victorinox.

Como voces podem perceber, 2005 foi muito produtivo para mim.
Entao tenho um objetivo a cumprir em 2006, cuidar mais de mim, fazer mais amigos e realizar que :
- todos os dias, pelo menos 30 criancas morrem de inanicao no mundo;
- Todos os dias, outras ficam cegas por falta de um dolar para a medicacao necessaria (por semana);
- Todos os dias, outras milhares morrem por doencas que poderiam ser curadas simplesmente por penicilina;
- Que a pobreza absoluta deve acabar.
www.one.org

Eu nao tenho os milhoes do Bono para doar, mas quem sabe, minha resolucao de ano novo possa ser realmente me tornar uma pessoa melhor ? Quem sabe eu possa fazer a diferenca ?
Quem sabe eu faca.

segunda-feira, janeiro 09, 2006



Eu estou de volta.

domingo, janeiro 08, 2006



Raio x


Maca, o meu novo kart


Na maca... derrubado.



Essa pulseirinha sinistra...


Edu.


Simone Distraida


Balsa



Pelados a distancia... tirada pelo celular. Esquecam ver detalhes.


Olha essa... a tal da praia da sacanagem.



Paraiso.




Praia !!! Nos invadir sua playa !!!

Curiosidade

Gente, quem mora em Ribeirao Preto ou Tanquinho em Sao Paulo ?
Voces sao leitores fieis, devo dizer - meu mais sincero obrigado, achei interessante alguem que nao me conhece se interessar pelo meu site.
Amo esse site meter.

Naturalistas

Ontem fomos dar uma banda na praia.
Eduardo e Simone me convidaram para ir a Waihiki, uma ilha a meia hora de balsa de Auckland com natureza quase intocada e praias belas, belissimas, aonde os kiwis podem torrar suas bundas europeias e se sentirem em um clima tropical - tudo isso com um tempero a mais : duas praias de nudismo, coisa rarissima na Nova Zelandia.
Chegamos naquela empolgacao - Eu, Eduardo, Simone e Lorena (Clayton eternamente trabalhando), alugamos um carro e saimos como uma ameaca brasileira em meio a bikinis imensos, peles alvas como a mais seda branca, insolacoes aterradoras e muito, muito Sol... ...de certa forma, estavamos nos sentindo no Brasil novamente, praias com gente circulando, areia branca e fina (raro tambem aqui) e um isopor carregado de cerveja. Escolhemos Onetangi Bay, estacionamos o carro e armamos acampamento tentando visualizar os naturalistas em volta : nada. Nos contentamos com as aguas cristalinas e os europeus circulando com seus calcoes imensos, peles avermelhadas que nos encaravam ao ver os bikinis brasileiros, as cores das peles bronzeadas das meninas e a enorme quantidade de garrafas de cerveja vazias em volta das esteiras. Eramos uma comunidade alienigena, uma aberracao tropical em meio ao cenario.
Apos umas duas horas, comecamos a ficar irriquetos pensando nossos proximos passos :
"e a praia de nudismo hein, tem mais alguem curioso ?"
Nao tinhamos ideia da onde o lugar ficava, saimos procurando apos o almoco e basicamente o que perguntavamos aos locais era: "e aqui que a sacanagem rola ? nao ? aonde que eh entao ?"
A tal praia ficava entre uma pedras, lugar paradisiaco, aguas cristalinas e uns poucos naturalistas exibiam seus dotes. Risadinhas, rostos corados fizeram parte da entrada (na verdade eu ja havia ido a praias nudistas e estava nao tao impressionado, me sentia mais curioso) e pudemos comprovar o que ja sabia em minhas experiencias anteriores - 70% dos naturalistas que frequentam essas praias estao acima dos 55 anos, show de horror, pudemos comprovar ao vivo a equacao natureza x gravidade (gravidade 14, natureza 0) mas nao deixamos nossos espiritos de porco serem detidos por esse reves, nos instalamos no meio da praia e curtimos um dos lugares mais belos que ja vi na vida.
Alguns naturalistas mais jovens chegaram, as coisas ficaram mais interessantes : como se paquera pelado ? Fiquei intrigado e pude comprovar que nesse momento crucial, o contato se faz com os naturistas (pasmem) se cobrindo com cangas e toalhas, o misterio, senhoras e senhores, eh ainda o maior afrodisiaco que existe, parece que eh uma lei nao-declarada que o approach deve ser feito sem mostrar suas partes pudendas (apos meia hora de conversa, ai sim, as cangas caem e tudo esta natural de novo). Fiquei curioso com aquilo.
Pensei como seria um mundo naturalista : executivos carregando pastas e usando apenas gravata e meias pretas, secretarias esbarrando os peitos nos teclados dos computadores, amigos se encontrando nas ruas (se abracam ou nao ?), o fato de os restaurantes nao serem mais lugares seguros para se comer (e os chefs? ja cheguei a pensar em milhares de queimaduras e lesoes nada agradaveis)...
Tudo seria muito normal, nudez na TV deixaria de ser um tabu, talvez as pessoas se respeitassem mais sem julgamento... ...e a sacanagem.
A sacanagem, infelizmente, faz parte das mentes e coracoes brasileiros - eramos com certeza os unicos pensando em sacanagem naquela praia.

Brasileiro eh fogo.

Caetano X Gil

Enfim, isso aconteceu.
O ministro Gilberto Gil se indispos com Caetano (ao menos publicamente) quando um criticou a politica de distribuicao de verbas do outro (o artista x o Ministro) - quase surreal isso.
Nao cansados de aporrinhar o cenario cultural brasileiro por quase quarenta anos, agora porque nao aporrinhar uns aos outros ? Nos anos oitenta, principalmente no comeco, ai de quem nao tinha a bencao dos tropicalistas - os grupos de rock dos oitenta que o digam, MPB entao, pior.
Respeito muito o trabalho deles, so nao respeito o fato de esses artistas terem ditado ao Brasil o que seria bom e o que seria ruim em materia de musica (leiam Vamos a luta companheiros : o rock brasileiro nos anos 80) e fizeram exatamente com as bandas o que Caetano esta fazendo com Gil, acusando de centralizador e totalitario. Um duelo de Titas.
Nao que os dois irao deixar de ser amigos, essa deve ser uma briga daquelas de escritorio aonde se quebra o pau, e as seis todos saem para o happy hour juntos para beber e esquecem todas as rusgas do horario comnercial; mas soa interessante duas majestades dessas se confrontando dessa maneira.
Talvez eles devolvam os Cds, os presentes, os discos de ouro e cartoes de Natal, Aniversario, talvez eles apaguem o nome um do outro do celular, talvez nunca mais se falem e dai ? Sera o fim de um dos mais grandiosos movimentos culturais das ultimas decadas ?
E se continuarem amigos, como serao as conversas e festas seguintes ? Precedidas daquele silencio perturbador em quem ninguem se atreve a quebrar (e quem se atreve a se meter em uma conversa entre Gil e Caetano ? Eu nem a pau me metia)... No final da noite, apenas aquele aperto de mao e cada um pra seu lado ?
Eu respeito ambos pelo seguinte : Caetano manteve seus principios de artista mesmo tendo que criticar o ministerio de seu melhor perceiro e Gil por sua vez adotou a postura de ministro e perguntou qual a razao de estar intocado em um debate tao serio, assumindo a responsabilidade das decisoes tomadas.
E no fundo musical de tudo isso, Calypso recebendo discos de ouro, pagodeiros dirigindo seus carroes e iates, diretores talentosos que jamais terao a oportunidade de expressar suas opinioes para o mundo e 99,8% da populacao esta ocupada demais sobrevivendo para ter epifanias intelectuais, e sinceramente, nao dao uma merda pra tudo isso.

Meu conselho de amigo ? Reatem a amizade, se abracem, beijem, quarenta anos soa muito tempo para se desperdicar assim, eu uma crise qualquer.

E sinceramente : quem realmente se importa ?

Da serie : porque eu so me f...

Antes de mais nada, feliz 2006 a todos, que este ano tenha comecado maravilhosamente a todos pois acho que o meu comecou desastroso por todos voces.
Bem, por onde comecar ? Claro, o Natal.
Natal em Auckland pela primeira vez, pela primeira vez junto dos meus amigos e o resultado voces ja viram, enfim, ultimo dia do ano comecei com trabalho as quatro da matina seguido de uma leve cerveja pos-lavoro que resultou em sono profundo e imediato, cheguei em casa as duas e tanto da tarde direto para a cama para meu cochilo ate as nove da noite quando iria acordar e tentar salvar minha passagem gloriosa rumo a 2006 - estava decidido a fazer isso dar certo, queria uma ponta de esperanca para meu ano quem nao quer ?
Acordei as nove com varias mensagens em meu celular da Simone, me chamando para uma festa de ano novo do Stu, um dos Gerentes de RH da Skycity que por sinal eu detesto (ir so para irrita-lo pareceu extremamente sedutor) e alias, nao tinha mais nada interessante a fazer porque nao ? Iria levar a Lorena minha flatmate (Clayton, o namorado dela estava trabalhando) e umas garrafas de champagne para fazer barulho a meia-noite.
Chegamos, festa estranha com gente esquisita... ...me enturmei ao maximo, mas pude constatar que a festa do Stu era um retumbante fracasso (uma leve ponta de prazer ao afirmar isso) e na falta de coisa melhor a fazer enchemos a cara e voltamos para a casa as 2:30 da manha - apenas em tempo de tirar um cochilo de 15 minutos e ir para o trabalho naquela condicao que vcs ja podem imaginar, foi um looooongo dia primeiro, mais uma vez pude me arrepender de ter nascido.
Dia 2 de Janeiro, trabalho, casa, jantar na casa do Edu da Si para compensar o fiasco da virada, tudo correu bem mas tive que ir embora mais cedo para dormir algumas horinhas e ir trabalhar (enche o saco essa repeticao nao ? imagina para mim, que realmente tenho que trabalhar cada vez que cito essa palavra) e dois dias de folga, enfim, apos passar as festas trabalhando de ressaca nada como uma boa folga para animar os espiritos. Quarta-feira, dia de ocio, fui sequestrado por Ricky e sua namorada para ir correr de Kart indoor - adrenalina e um pouco de minha vida antiga, a excitacao,o barulho dos motores, estava vivo novamente... ...mal podia esperar para pular em um kart e sair barbarizando pela pista, extravasar toda a agressividade contida nas festas. Primeira corrida, peguei terceiro lugar e me preparava para o grid de largada : sai enlouquecido perseguindo cada um dos participantes mas Ricky dirige como uma velhinha a caminho da feira, bloqueava todos e irritava por sempre ter uma longa fila atras do seu kart sem ao menos se preocupar em dar passagem. Numa dessas desesperadas tentativas de ultrapassa-lo, o imbecil perde o controle do kart e colide com o meu. Senti minhas costelas esquerdas sendo esmagadas pelo banco e o cinto de seguranca queimando meu pescoco (apenas 5 mins. de corrida haviam se passado) e a dor era lancinante, amaldicoei, xinguei, e meti o pe-na-tabua novamente com o intuito unico de A)Ganhar a Corrida B)matar Ricky fazendo seu kart cair para fora do circuito. Cheguei em segundo por causa da cacetada, meio que bebado de adrenalina, meio que letargico de dor.
Tudo estava bem alem de uma leve dor nas costelas, fomos tomar alguns drinks com amigos e a meia-noite fui embora por estar com dor e cansado.
Quinta-feira, dia em casa me recuperando, leve dor mas sem grandes esforcos - evitei me esforcar muito e resolvi que o descanso era merecido, iria voltar ao trabalho na sexta-feira e deveria estar zero km.
Sexta-feira, levantar da cama exigiu um sacrificio extra - minhas costelas agora exigiam a conta - fui ao trabalho tentando nao exagerar, para mim, aquilo era apenas um arranhao e deveria deixar de ser chorao... ...ja aguentei coisa muito pior, iria comecar a dar uma de bundao a essa altura da vida ?
O trabalho foi longo, o dia nao passava e a dor aumentava, nao podia me virar a nao ser que virasse o corpo inteiro, evitei carregar caixas e coisas pesadas e resolvi contar aos chefs o que havia acontecido, fizeram piadas, etc...
Ao tentar andar de volta para casa a dor se manifestou de vez, a cada passo gemia, urrava, suava frio - as costelas doiam como que agulhadas profundas, me joguei em um taxi e pedi que me levasse para o hospital.
Duas costelas quebradas, uma semana de folga (a parte boa), e 2006 comecou para mim.
2006 vai ser um bom ano.
 
Zilek : Immobilier Vervins
Immobilier
Vervins