domingo, janeiro 30, 2005

O carro parou. E agora ?

Apos duas semanas no Brasil, comi tudo que queria (estava uns 5kgs mais gordo) bebi tudo que queria (estava com uns 10 anos a menos de vida) e falei com quase todas as pessoas que importavam apesar de ter deixado o pais sem ver um monte de gente que amo de verdade.
Na primeira semana, meus amigos pararam suas vidas para me mostrar os arredores, jogar truco, ir a lugares suspeitos e durante essa semana vi meus pais tanto quanto nos dois ultimos anos- nada - me senti verdadeiramente culpado, mas nao poderia falar nao ate porque, sabia que apos eles retornarem as suas rotinas, eu nao teria mais toda a atencao que estavam despendendo.
Depois de passar um ano em uma cidade de nove mil habitantes, tudo que se quer eh estar numa cidade com 20 milhoes de pessoas, sentia falta do barulho, da correria, das lojas, dos drinks em lugares aonde iria fingindo ser uma pessoa que nao sou, para impressionar pessoas das quais nao gosto e conheco - isso e Sampa - mas para se estar em Sao Paulo, se faz necessario um carro, e nesse caso, eu nao tinha. Comecei a me irritar por me sentir preso novamente em um lugar pequeno e como ja disse, o tempo era uma comodidade que nao tinha e nao poderia desperdicar a fio andando feito um maluco a pe por Ibiuna, as pessoas depois de alguns dias comecaram a me olhar como se fosse maluco, zanzando pela cidade a pe sem destino e na verdade, eu estava realmente ao limite da sanidade.
Resolvi alugar um carro e me mandar antes que enlouquecesse minha familia, a mim mesmo e aos meus amigos - por tres dias inteiros visitei, bebi, comi e nao precisei fingir ser um paulistano, parece que isso fica nato nas pessoas apos se passar alguns anos la - sabia de tudo, aonde ir, o que pedir, quem ver e o que fazer. Eh como andar de bicicleta, menos o incomodo do assento.
A pungencia de Sao Paulo quase me fez esquecer da hora de ir para casa enquanto tomava meu Cosmopolitan e assistia as pessoas bem-arrumadas, cheirosas e pretensiosas circular pelo bar fingindo estarem nadando em dinheiro enquanto carregam as dividas e as contas em um abarrotado porta-luvas de um carrao pago a prestacao.
A certo ponto alguem perguntou como funcionava o meu simples e despretencioso celular "eu ponho um numero por estas teclinhas, falo por aqui e escuto por aqui, alem de poder escrever nessas mesmas teclinhas !!" sem foto ? Nao tem GPS ? Aparentemente, podemos esquecer o relogio e os sapatos caros - o acessorio mais quente hoje em dia no Brasil (e no mundo) eh o celular : quanto menor ele for e mais coisas inuteis ele fizer, melhor, alem do fato de custar o supermercado de uma familia carente por um ano. Que saudades do tempo em que um par de Levi's era uma das coisas mais caras a se carregar no corpo. Comprei o par de tenis mais feio do mundo (segundo Trovao e Leo), comprei muito pouca coisa por achar tudo muito caro (na verdade, meus pais me disseram para guardar meu dinheiro, entao tinha parcimonia com o dinheiro deles) e ao terceiro dia, enjoei de Sao Paulo.

Meus amigos estao com carros legais, escritorios, filhos e tudo isso me deu uma certa confianca no Brasil, sim a vida pareceu possivel novamente e quem sabe em tao pouco tempo eu nao tente voltar ?
Voltar ao Brasil definitivamente parece agora, mais complicado do que vir para a Nova Zelandia. Estou como os caes que perseguem o carro pela rua,e depois que o carro para, o que fazer com ele ?

Ja estava no Brasil, ja havia feito o que queria, entao o que se fazer agora que tudo parece estar feito ?
Praia, esta eh a solucao, mas soh apos o Natal.

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