Ok, vou tentar contar o resto, nem lembro de onde parei...
Enfim, os primeiros dias sao de puro sofrimento e adaptacao - fiquei deprimido de cara ao ver as instalacoes e saber que trabalharia com mais um chef maniaco-maquiavelico-sadico, mas bola pra frente, afinal, sao oito meses e eles tem que passar rapido ! Trabalhei a tarde novamente na lancheteria da piscina e os corpos dos passageiros (todos acima dos 60 anos) constitui o que podemos chamar de show de horrores, eu fico olhando para os passageiros passarem e falo baixinho "fecha a camisa, cara, fecha..." enquanto preparo as saladas e hamburgueres (que na verdade, eh o chapeiro que faz). Mais duas horas na tortura de Bombai, e depois do break para o jantar, Polo Grill, que eu amo cada vez mais.
A noite, paramos no Rio, onde poderiamos descer para aproveitar a noite e visto que eu nao tinha nem um real em especie e nenhum caixa eletronico por perto, decidi ir com um amigo peruano tomar uma cervejinha no bar local (embaixo de uma zoninha local tambem) onde os especimes mais estranhos circulavam - nem os chefs que estavam ha meses no mar tiveram peito para encarar as prostitutas locais; a cerveja estava gelada, eu e o peruano comecamos a conversar e a vida comecava a fazer sentido.
Depois da decima garrafa, uma mesa de chefs decidiu me chamar para ser o interprete de prostitutas, trabalho pago com... ...mais cerveja. As duas e meia eu voltava quase carregado pelos meus colegas, cambaleando e trocando as palavras ingles/portugues como um site de traducao em crash - desabei na cama e so iria trabalhar as onze da manha, mas como a lavanderia fica aberta ate as oito tive que levantar e ir pegar um uniforme ( a ressaca era incrivel), dormi mais uma hora e fui tomar o cafe da lancheteria que poderia facilmente ser confundido com cha - consigo ver o fundo do copo (serio) e minha necessidade por cafeina diaria esta muito abaixo dos niveis aceitaveis. Apos tudo isso, voltei do Polo Grill para a tortura de Bombay e o chefe me pediu para cortar frango assado em pedacos, eu comecei a tirar as espinhas dorsais e ele ficou irritado sem motivo e de faca na mao, tentou arrancar a maldita ave de mim, ao passo que a faca enterrou a ponta em meu dedo indicador direito. A expressao de horror dele era impagavel, tentou segurar o meu braco, nao sabia como pedir desculpas e meu dedo comecou a sangrar por dentro da luva de latex - falei que nao era nada e ele ainda arrependido, no mesmo momento haviam dois chefs na mesma bancada estarrecidos e nao quis dar tanta atencao ao caso, simplesmente (e internamente irritado) catei a faca com toda a raiva e com tres poderosas batidas eu fatiava o frango em quatro pedacos.
Apos uma conversa franca, depois do incidente, ele pediu desculpas, falou que estava sob constante stress (o que concordo) e de la pra ca as coisas andam mais amenas com ele (talvez pelo medo de eu reportar o incidente, talvez por sincero arrependimento eu simplesmente nao dou a menor) mas a vida tem sido agradavel desde entao.
estou fazendo amigos, todos sabem que eu sou "o brasileiro" , unico na cozinha e as gracinhas, piadinhas, e etc... com minha nacionalidade pipocam quando eu passo.
A vida comeca a fazer sentido aqui, amanha, Salvador - parada overnight.
Que o Senhor do Bomfim me ajude.
Lembranças escolares
Há 14 anos
2 comentários:
Rick, bem-vindo ao grupo de peão de empresa : Brigou com chef/e, deu sangue no emprego e tomou porre (merecido) com os colegas de trabalho!
EEEEEEEE saudade do bom e velho inferninho......hahahahahahahah Com aquele cheiro de perfume barato e sexo no ar,,,,,,hahahahah...lembrassssssss.....hahahahahahahah
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