sexta-feira, março 21, 2008

Coracao, deixe na porta.

Para se viver em um navio, voce deve deixar certas coisas na porta;

Seu passaporte (voce achou que pode simplesmente desertar um navio?) que eles seguram para poder tambem informar as imigracoes, sua assinatura em varios papeis e pasmem, seu coracao e sua identidade, personalidade e tudo que faz de voce... ...voce. Mas as suas bolas sao bem-vindas a bordo, muito obrigado.
Depois de dias ralando, deprimido, chorando e sentindo pena de mim mesmo (eu sou o rei do drama), eu estou um pouco mais rapido no trabalho, ja sei aonde algumas coisas ficam e ate esta ficando mais facil sem contar a dor-de-garganta de ontem com leves toques de gripe (esta, que esta dizimando o staff da cozinha) mas ontem eu resolvi dormir mais cedo e hoje o dia nasceu mais feliz por varias razoes.
A primeira, foi logo de manha, quando fui ate o acougue buscar as carnes (ainda tropecando e sonolento) e o acougueiro com cara de poucos amigos (de vez em quando ele eh extremamente amigavel, outras, nem tanto) e quando fui pegar a bendeija errada ele veio com tudo para cima de mim, falei que estava sonolento por causa da gripe e ele disse que nao se importava com minha gripe, que as coisas eram diferentes aqui. Ao trabalhar logo apos disso, senti raiva. Muita Raiva.
Depois minha cabecinha que anda por lugares estranhos e desaconselhaveis, comecou a processar a informacao - esse povo (Asia/Filipinas e India) nao tem o mesmo senso de humor, nao se importam com ninguem e por isso tranformam o ambiente de trabalho aqui um lixo, nao sabem se divertir e trabalhar como todo o resto da humanidade, entao cheguei a conclusao que eles nao merecem um cara legal, nao querem, merecem sim um belo pontape de vez em quando e a partir disso, relaxei. Tive a manha mais calma desde que cheguei.
Ao trabalhar com meus colegas de lancheteria na piscina, simplesmente fiquei fazendo o que sou permitido fazer (por eles, bem-entendido) e fiquei repondo estoque, fazendo guarnicoes de prato e pasmem, cortando pao como se nada estivesse acontecendo. Eles trabalham desesperados, como se o mundo fosse acabar - na verdade como micos amestrados, mude uma palha do caminho e pronto ! enlouquecem a eles e a quem estiver em volta. Na verdade, o que fazem eh patronagem das brabas.
Inclusive, uma brasileira a bordo passou por la para saber como eu estava, ontem ela havia me visto no mais sombrio dos humores e hoje ela queria saber como estava, e ai mora a diferenca entre nos e eles, a solidariedade. Deus a abencoe, ela nao sabe o quanto me fez bem.
Temos um novo head-chef italiano para as tardes na lancheteria e no Polo Grill, e para minha infelicidade ele fala portugues (um pouco), pois ele geralmente fala aos gritos e naturalmente eh grosso e mal-educado. Outro dia, ele entrou no meio do servico da lancheteria lotada (sim, ele entra NO MEIO de nos) e comecou com a costumeira falacao e gritaria conosco, sem o menor pudor. Quando um dos clientes analisando a cena disse para ele pegar leve, ele disse "sou italiano, meu jeito eh assim, sabe ?" - pensei na hora, como sou italiano, tenho o direito de ser um cuzao, sabe ?"...
A noite, ele entra NO MEIO DA AREA DE COZINHA, e sai provando tudo com sua colherzinha para ver se esta do seu agrado, mas para sua salvacao, ele esta apenas se defendendo. Quero que ele se ferre, ele tenta me agradar agora pois eu nao olho para a cara dele.
Na verdade, tudo que eles querem sao seus culhoes, seja para te castrar ou para que voce os use para trabalhar, mas a verdade comeca quando se percebe que esta completamente so nesta cozinha dos infernos. Doulgas Ramsey daria gritinhos de pavor aqui dentro. Senhores, eu conheco o inferno e estou ardendo nele.
Agora... ...a parte do coracao, assim como meu passaporte, pegarei de volta na saida, para poder voltar para casa e usar com quem eu gosto.

Um comentário:

Unknown disse...

E ai, blz.....Vc com uma 12 ia fazer um belo estrago no navio, rsrrsrsr.....se cuida ai...

 
Zilek : Immobilier Vervins
Immobilier
Vervins