segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Carnaval... é tudo Globeleza !!!

Caramba, é carnaval no Brasil e eu aqui na crise da meia-idade avançada !!!
Porque é o seguinte: eu não sou o maior fã de carnaval que existiu, até gostava por ficar cinco dias longe do trabalho e por poder beber sem ter uma desculpa social pra isso - mas de resto é tudo Panis et Circus, brasileiro esquece da vida no carnaval e nem lembra que CPI existe, nesse momento tá tudo parado no Brasil porque somos exóticos (já cansei de ser chamado assim por aqui também, brasileiro é exótico, se fode e ri ainda por cima), claro que gosto de ver o povo feliz esquecendo das vidinhas que levam todo dia, na verdade nós até precisamos disso para fazer a vida ter sentido.
Mas, pode entrar nos sites de notícias e ver se o Lula, CPI estão nas news, nada crianças, todos os pecados são perdoados no carnaval e uma agenda no governo deve estar programada para o carnaval : vamos aproveitar o tempo fora da mídia e voltar com o quê ???
Abre o olho moçada !!!
E usem camisinha please...
Pecado e carnaval. Até dá saudades...

PS:- Entrem em www.muiedomeidomato.blogspot.com ou peguem o link do banheiro feminino do uol, virei fã há um ano atrás e viciei...

sábado, fevereiro 25, 2006

Moral da história I

Hoje de manhã, estava com Oscar tomando um café durante nosso break.
Oscar é o maníaco da cozinha, tenho vindo ajuda-lo as duas da matina todos os dias com convenções ( a praia dele). Quando comecei na Skycity ele infernizou minha vida e eu simplesmente odiava o cara.
O tempo passou, ele amoleceu e viu que não estou lá para brincadeira - me mantém até mais tarde trabalhando para ter companhia.

Ao ouvir que estou sem flatmates, disse que quem sabe quando a filha dele voltar de não sei aonde, faça a cabeça dela para morar comigo.

Tentando me arrumar com a filha dele - esse homem já tem um lugar no meu coração.

The sweetest thing.

A casa vazia.

Acordei, o despertador berrava alucinadamente e tentei desligar às pressas sem me lembrar que estava sozinho.
Olhei em volta, tudo escuro, aquela escuridão que te faz cerrar os olhos igualzinho quando você está embaixo do Sol, a escuridão revela o que o dia escondeu ofuscantemente, é noite fechada e estou tateando meu caminho até o banheiro e tudo está ainda confuso em minha cabeça, não sei o que se passa e menos ainda por que estou de pé à uma da manhã. Leve contrito cerebral, o motivo é de que eu tenho que trabalhar pois o setor de convenções está pela hora da morte e precisam de heróis como eu (odeio ser herói - eles morrem primeiro, o cemitério está cheio deles) e a casa vazia ainda não entendi direito, preciso de mais alguns segundos.
Só as coisas que alguém não quis estão aqui, cabelos, traços de vida agora parecem fazer parte de uma mórbida,orquestrada e desorientante cena.
Vesti o que encontrei à frente (pelo menos eu passei a roupa ontem) e agora sei o porquê e a razão de estar sozinho, bem, sei não, mas imagino várias possibilidades que não satisfazem e penso também em ligar para o trabalho e dizer que estou doente - mas essa é uma daquelas coisas que penso quase todos os dias e não faço - saio ás pressas, corro enquanto ouço meu MP3 player à toda altura para silenciar meus pensamentos e em parte funciona mas tem essa partezinha do meu cérebro que ainda teima em pensar em coisas que eu evito. O dia seguiu com muito trabalho, e eu ainda pensava na casa vazia, nada se movia ali, talvez as persianas ao vento mas de resto tudo é inanimado, os móveis, as portas e janelas, os armários... ...tudo está a espera de alguém para colocar movimento e cor e eu não estou lá - sinto pena de minha casa até mas tenho que trabalhar.
Ao final do turno estou esgotado, moralmente e fisicamente, me arrasto até a rua e peço um café em copo descartável enquanto ando (MP3 à toda) não faço idéia do que vou encontrar em casa, talvez a casa esteja puta da vida comigo e tenha feito uma reviravolta, minhas coisas estejam espalhadas por todos os lados e a porta da frente não abra, talvez esteja em chamas, talvez o silêncio seja ensurdecedor.
Chego no portão do prédio (a casa não é uma casa, é um apartamento) e fico com receio de entrar, não sei mais o que vou encontrar, subo o elevador com receio e esperança de que alguma coisa tenha se movido ali mas quando abro a porta percebo que a casa está do jeito que deixei - escura, imóvel, silenciosa.
Entro com um suspiro e um grito : Querida, cheguei !!!! Logo após falo comigo mesmo "esqueci que não sou casado".
Tudo está do jeito que deixei, escuro até, abro as persianas e janelas e deixo o vento passar e percebo que o movimento e as cores voltaram em um flash - ela está aqui esperando por mim, aconchegante, viva e chutando.
Limpo os restos de vida deixados para trás, para não me nivelar ao que está nos cestos de lixo principalmente, faço uma rápida limpeza e me atenho em fazer minhas coisas de praxe : escrever, comer, lavar a louça, etc...
As coisas se encaixam novamente, estou sozinho mas em boa companhia - minhas coisas estão espalhadas à minha volta, retratos, roupas, livros, me lembram que tem uma vida ali sim. Olho o celular (que nem lembrei ou não quis pegar de manhã) e tem uma mensagem de um amigo de Queenstown, vindo para cá - que bom ter uma visita.
É domingo e deve ter alguma coisa legal passando na TV, vou fazer pipoca e relaxar...
Os problemas eu resolvo amanhã, de alma nova e descansado, quando é que foi a última vez que eu tive tempo para não me preocupar com nada ?
Estou agora exorcizando alguns demônios, como sempre, mas estou fazendo isso na segurança de meu lar - e é isso que eu preciso.
Eu preciso de um lar, não uma casa, decidi que nada pode me atingir aqui, na segurança de meu LAR.

Amanhã eu ligo para a imobiliária para avisar que estou me mudando - minha casa é qualquer uma, mas meu lar eu pretendo construir - ainda que sozinho.

Where everybody knows your name...


Eu ouvi uma vez que quanto mais nós envelhecemos, mais precisamos das pessoas que conhecemos na juventude - não poderia concordar mais.
Seus amigos sabem tudo sobre você, seus males, seus prós e contras, suas manias, seus ódios de estimação, as coisas que você ama, o que se passa em sua cabeça quando você está com aquele certo olhar de olhos semi-cerrados em direção ao nada, quando você diz não quando tudo que queria dizer é sim. Eles sabem, acredite.
Envelhecer junto deles é delicioso, saber quem casou, quem separou (e levar para a farra imediatamente), quem teve filhos ,quem ainda te liga para saber as novas e contar coisas estúpidas como o tombo que levou em uma escadaria sabendo que você vai se deliciar com a imagem (amigo também sacanea, e por conhecer você tão bem faz com precisão e vice-versa), entrar em sua casa e abrir a geladeira... ...tão bom isso, e faz uma falta daquelas quando eles não aparecem.
Também têm um talento nato em relevar, quando se é muito amigo, ninguém é perfeito o tempo todo e ninguém é santo - todos temos nossos próprios demônios ali, esperando a hora de sair em disparada ao encontro de, bem... ...quem estiver à frente.
E nessas horas, claro que não tem madre Teresa que aguente, mas quando tudo volta ao normal e você arrependido tenta agradar, e consegue, que alívio, que coisa boa ter essas pessoas em torno de você mesmo que você tenha que gastar um salário mínimo em cerveja, vale a pena o investimento que tem esses retornos garantidos.
Meu projeto para a velhice é uma casa cheia de amigos, indo e vindo, parando suas vidas para me dar um pouco de atenção nem que por minutos, trazendo uma coisinha para beliscar ou demandando comida quando chegam de mãos abanando, não importa.
Mesmo de longe, mantenha-os perto.

Digamos que eu tenha pensado muito em vocês.

PS: Pats, você me lembrou o que é ter amigos. Daqueles bons e dos velhos tempos.

terça-feira, fevereiro 21, 2006


pratinha...

Visita da Pats.





Visita da Pats, nos com os cabelos prata - pura falta do que fazer.

Skycity




Caroline e Maria, Oscar mostrando o tamanho da faca dele e William, um dos aprendizes.

As vantagens de se morar com um chef ?




Frango marinado em suco de laranja, alho e mostarda em grao, grelhado e coberto no mesmo molho reduzido. Tenho um que pra comida rustica.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Aprendizes porque não sabezes.

Chego na cozinha as quatro da matina e o merdinha já está lá - ouvidos de pé e olhos estalados para me perguntar alguma coisa.
"Chef ?? A gente tem queijo brie ??"
-E eu lá sei, tenho cara de geladeira ? Entra lá e vê você mesmo !!
Continuo tentando saber aonde enfiaram meus apetrechos durante a noite, amaldiçoando os FDPs. Estou preparando minha área de trabalho e vêm o pentelho de novo :
-Chef ? Será que esse patê tá estragado ?
-Prova para saber.
-Eeeeuuu ? e se eu passar mal ?
-Antes você do que eu, aliás se você passar mal e sumir ninguém vai saber a diferença, enfia essa merda na boca e me deixa em paz.
As vezes eu lembro que fui educado nas mais finas estrebarias da Europa.
-Chef ?
-Que foi agora ???
-Afia essa faca pra mim ?
-Criatura, você me paga cem pilas numa faca pra depois não saber afiar ? Além do que, eu tenho que afiar as suas facas todos os dias, apenas tente não foder com o fio das suas facas desse jeito, era para durar pelo menos um dia inteiro afiada.
Controlo o surto e afio a faca encarando assustadoramente a jugular dele, ele sai todo contente com a bosta da faca. Enfim, comecei a trabalhar, tomara que agora ele se dê por satisfeito.
-Chef ??
-Pelamordedeus o quê ??
-Como é que se faz esse negócio aqui... ...Ju, Juzi,... Jual...
-JUS !! É Jus criatura, caldo de carne com vinho tinto !! Você não tá lendo seu livro não ??? Pra que você quer saber agora ?
-É que tem o teste do aprendizado e tenho que fazer um macarrão á bolognesa.
-Não precisa de jus, usa a própria carne que você vai fritar, põe vinho e deixa reduzir e depois tempera bem antes de juntar ao molho de tomate. Satisfeito agora ?
-Valeu.

Aonde eu estava ? Ah sim, preciso anotar as compras que demora dois dias para as coisas chegarem do fornecedor....
-Chef ??
-O QUÊ É AGORA,Esqueceu como se segura a faca, cortou o dedo de novo, quer QUE EU TE FALE A COR DO CÉU EM AUCKLAND ???
-Tá servido desse chocolate que eu ganhei ? É suíço...
Sem graça, disfarçando e com tom de voz diminuído.
-Não, valeu.

Porque eles tem que ser tão indefesos as vezes ??
Tenho muita paciência, mas assim fica difícil.
Tento pensar que eu já tive dezesseis - mas não era tão estúpido.

sábado, fevereiro 11, 2006

Pats, oh my pats...

Hoje recebi a visita da pats, a primeira visita oficial do Brasil - estamos aqui falando de tudo, todos, da vida e enchendo a cara.
Resolvemos ir comprar um litro de vodka e já estou intoxicado pelo pique da Pats, estamos nos comunicando por telepatia - Não sabemos o que fazer um do outro e parece que não vamos fazer nada melhor.
Mas nada como uma familiaridade, um rosto conhecido, para me fazer sentir vivo.
Meu Deus, aonde tenho passado a vida sem essa gente, meus amigos ?
Bem, ainda não tenho o roteiro, e na verdade estamos mais afins de ficar sem fazer nada - talvez um passeiozinho.
Não quero ter que dividir ela com nenhuma atração daqui - nem a pau.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Jake.


Todo vilão possui o seu parceiro - seu gêmeo malévolo, seu comparsa, seu co-autor, aquele cara que termina sua frases e com um simples olhar sabe que algo (ruim) esta prester a acontecer, que cobre as suas e que espera o mesmo de você. O meu é o Jake.
Jake é o cara que trabalhava na mesma seção que eu só que há muito mais tempo, o cara me deu todas as dicas que eu precisava, eu salvei o couro dele várias vezes também e nossa amizade é uma relação um tanto estranha para as pessoas de fora de nosso pequeno círculo - Não perdoamos nem mesmo um ao outro, sacanagem pura.
Jake é de Hamilton (três horas de carro de Auckland) nunca deixou o país, nunca deixou a região de Auckland e por isso mesmo recebeu o apelido de "Redneck" (caipira) de mim, come o que é possível durante as horas de trabalho pois nunca tem grana para fazer o supermercado (nem que quisesse) e aliás só entra em um para comprar bebida. O resto do salário é usado para comprar maconha ou qualquer outra merda que caia em suas mãos.
Filho de mãe solteira (o pai é mais ou menos como ele, vive em Auckland mas ele sequer sabe o número do telefone - visto que o pai é um duro ele não vê nenhuma razão para ligar para o cara) e desde os dezesseis anos mora de lugar em lugar com as piores corjas de pessoas possíveis, começou sua carreira criminal bem cedo - com várias passagens pela polícia por delitos menores (pequenos roubos, posse de substãncias ilegais, dirigir bêbado e ser pego duas vezes) acabou por pedir transferência para Auckland onde sua ficha não era conhecida pelos vizinhos.
Longe de ser um cara mau - tem um coração de ouro, dentro de seus limites ele ajuda se você precisar, dinheiro para fiança as três da manhã ? Ele estará lá, uma garrafa de vinho surrupiada da geladeira da cozinha ? Ele trará gelada.
Faz piadas sobre o Brasil, insinua que minha família mora numa Oca, que nos comunicamos através de tambores e que as pessoas so sexo feminino na minha família fazem sexo com caminhoneiros por alguns trocados, acha que a Espanha fica na américa latina, não faz idéia do que se passa no restante do mundo pois não lê, ainda não entende por que estou na NZ quando poderia estar morando de graça no Brasil (e porque trabalho ao invés de explorar minha família).
Há alguns meses atrás, o imbecil enfiou o carro em uma árvore a caminho da casa aonde estava acampado (da família de um amigo, sem pagar aluguel) completamente bêbado, apareceu dois dias depois ao trabalho sem carro e sem condições alguma de continuar morando lá e trabalhar na cidade (não tem ônibus). Ficou algumas semanas na minha casa de graça - foi bem na época que o Clayton e a Lorena chegaram aqui, quando mostrei a casa para eles tive mais ou menos que falar para eles ignorarem o neo-zelandês sentado no sofá tomando cerveja e assistindo TV. Eles foram legais e não ligaram de te-lo aqui por mais uma semana e meia até ele se tocar e se mandar daqui percebendo que a coisa estava meio apertada.
Ele aparece de vez em quando, senta no meu sofá (ele agora mora em um apartamento no centro mas prefere o meu pela TV grande, DVD e internet) sempre carregando uma caixa de cerveja e de vez em quando eu decido alimenta-lo, assistimos TV, conversamos na medida do possível e quando estou cansado e quero dormir eu chuto ele pra fora.
Por alguma estranha razão, eu não ligo de emprestar dinheiro pra ele, que ele acabe com meus cigarros, que ele fique sentado na minha sala enquanto digito para o blog - ele tem apenas 20 anos e ficou meio que um irmão mais novo, como digo, ele é um adorável saco de merda.
Ele agora trabalha em outro departamento da Sky e não nos vemos muito.
E este, é meu prezado amigo, associado e cúmplice.

Adorável vagabundo.
 
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