sexta-feira, março 24, 2006

New Zealand Redux.

Três anos. Três anos se passaram e o que será que aconteceu durante ?
Em três anos, eu fui bartender, garçom, gerente de serviço de restaurante, lavador de pratos, larder chef, saucer, head-chef (ainda que um café com 20 lugares), Commi-chef. Fiz amizades do mundo todo, fiz amigos brasileiros, fiz amigos em praticamente cada lugar que estive, fui turista, backpacker, motoqueiro, motorista de campervan. Viajei de norte a sul, de sul à norte e vi muito dessa terra.
Fiz snowboard, Bungy, Riverboarding, mergulho, trekking (ok, não muito), não entrei muito no mar mesmo assim por ser congelante, comi tudo quanto é coisa nova que apareceu pela frente, me apaixonei pela cozinha asiática, cultivei meu desgosto por comida indiana, achei kebab dos deuses, tomei toda e qualquer cerveja diferente que encontrei por aí, tentei fazer o que os locais faziam - e aprendi que os kiwis vivem para si mesmos.
Vi a neve cair no centro de Queenstown, vi pinguins na ilha sul, tive uma praia inteira só para mim perto de Christchurch, conheci um taxidermista alemão lá (poxa, conhecer um taxidermista que ainda paga a cerveja não é pra qualquer um), quase fui jogado fora da Harbour Bridge em uma noite de tempestade com minha moto, dormi profundamente durante um terremoto (na verdade dois), fiz um curso de fotografia na Universidade de Auckland e um curso de inglês que eu mal frequentava.
Mudei dez vezes de casa, tive mais ou menos 21 flatmates diferentes, comprei e vendi mais coisas de uso doméstico que posso lembrar e tive apenas um lugar que considerei um lar.
Tomei vários tombos - aliás, um tombo no sentido literal, do qual desmaiei, cortei meus dedos, queimei minhas mãos, fiquei com as cadeiras roxas de fechar a geladeira com a cintura enquanto carrego caixas, fui passado para trás gerenciando uma casa em Auckland no primeiro ano, fui passado para trás quando tive que assumir um quarto no lodge em Queenstown, fui deixado em meu apartamento sem explicação aparente.
Tive momentos felizes ao ser convidado a me mudar para uma casa em Queenstown (duas vezes) e fico com saudades de pensar em quanto a vida era descomplicada por lá (até ficar terrivelmente chata).
Conheci a NZ, Austrália e Bali (mais Fidji futuramente) e me arrependo de não ter viajado mais.
Aprendi a ficar quieto, a gritar quando preciso apenas e a valorizar a ajuda que aparece quando você mais precisa - assim como aprendi também a valorizar meu espaço pessoal (aquele em que ninguém pisa, que é só seu) e não deixar que entrem e saiam de sua vida como se fosse uma porta giratória - se não for para acrescentar nada, apenas subtrai.
Testei a minha paciência, determinação, sanidade (quase por um fio), resistência e lealdade e sei que tipo de pessoa eu me tornei e posso me tornar de vez em quando, mas meus atos sempre falaram por mim e em geral, eles não mentem.
Sou incapaz de um ato maldoso ou desleal, minha consciência é eficaz a maldita.
Foram quase 100,000 kms de voô durante esses anos, uns 10000 de estrada e mais uns tantos andando por aí, a estrada foi longa e tortuosa.
Em três anos, fiz mais coisas do que fiz em vinte anteriores.
Vão ficar marcas e cicatrizes, amizades que se foram, amizades que vão ficar, situações nem sempre agradáveis e muitos momentos bons...
...e no final, tudo que resta é você, três anos mais velho e três anos...

...vividos. Eu quero mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Ricardo,

Desejo lhe toda felicidade e sucesso, no seu retorno ao Brasil!!! E se tiver oportunidade venha ao Japao, acredito que ira gostar.

Bjs.
Cintia

 
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