domingo, maio 11, 2008

Mais um cruzeiro, menos um cruzeiro.

As pessoas contam o tempo que vão passar aqui em dias, meses, semanas e isso com certeza não me ajuda – eu conto cruzeiros, cada vez que um acaba e os passageiros descem, um kilo a menos sai das minhas costas, por enaquanto tenho mais 12 kgs. Para tirar das costas ( o mesmo número de kilos que eu perdi, gozado isso).

Agora, atracados no porto ou não (muitas vezes estamos em tendering, o barquinho que leva e traz as pessoas quando estamos longe do porto mina as horas que eu tenho para passear) eu saio nem que seja para tomar um café do lado de fora e voltar, tudo que eu quero é sair e ver as pessoas, os lugares e principalmente a comida local.
Em Olbio, Itália, sentei-me em um boteco à beira-mar e tomei três cervejas antes de voltar a trabalhar, era feriado no lugar e a cidade tem aquele clima de cidade do interior do Brasil que me deixou completamente à vontade. Nesse dia, só queria cerveja e calma, mais nada, tinha até um vira-latas local para brincar. Em Santorini, quis apreciar a vista local e a comida, tomei a cerveja Mythos e pedi Tzaziki com Pão e pepino e tomates acompanhados de uma salada de carneiro divina, regados ao azeite local e pão pita soberbamente tostado e preparado em um terraço de um restaurante familiar muito simples e simpático, Renata, uma das brasileiras à bordo sempre me deixa pedir a comida, sou seu personal chef.
Em Rhodes, tomei café apenas e zanzei pelo forte da era Bizantina do século XIV, fiz umas comprinhas nas lojas locais (muito legais) e voltei apreciando a visão do mar quebrando nas muralhas e pedras que envolvem a cidade velha e porto, em Kusadasi, mais comércio local (as falsificações são as melhore que já vi) podendo escolher entre Gucci, Diesel e tantas outras marcas que você jamais teria dinheiro ou coragem de comprar, vi Ipods dentre burcas e mesquitas, carros e cavalos, o cheiro do chá de maçã em todas as portas e o Sol que castigava minha pele era um alívio após tantas horas enfurnado em ma cozinha sem janelas.
Istambul. Ah Istambul.
A expectativa sobre Istambul era grande, três dias atracados com dois overnights, na primeira noite fomos a um dos milhares de narguilés cafés, sentamos em confortáveis sofás sob lonas e tapetes e fumamos o tal negócio, álcool é proibido pois 90% da população é muçulmana mas acreditem, não fez falta alguma – tomamos chá e café turco (o chá parece do Ceilão, mas com gosto melhor) e não feliz, fui em busca de um Kebab (a versão original do espetinho) e comprei em uma barraca que vi à tarde enquanto passava e me chamou a atenção – através do vidro vi os tomates mais firmes e vermelhos possíveis, pimentões multi-coloridos que fariam os nossos ficarem mais vermelhos de vergonha e mais verdes de inveja, tudo na Turquia exige paciência, ao contrário dos nossos ambulantes, que te entregam o mais assado disponível, o cara daqui faz na hora, corta os vegetais na hora, tosta a folha de pão na hora e põe temperos frescos (páprica, pimenta vermelha e pimentas misturadas em pó locais) enrolando a carne de carneiro, salada e tudo no pão. Dos Deuses, salve Alá.
Durante o dia, tive folga de três horas e meia e fui explorar o centro da cidade – um congestionado de pessoas, milhares de lojas barracas onde pode-se encontrar de tudo (mesmo) e parei num restaurante local cheio de pessoas locais para uma refeição. Inglês, linguagem, aqui é um sonho distante, dei o meu melhor para pedir a comida e não fui desapontado, quatro pães deliciosos acompanhados de salada verde com tomates, pimenta vermelha fresca, pimenta verde (não picante porém saborosa) e sobre arroz e batatinhas, um Kebab de carneiro feito na brasa intercalando carne e cubinhos da gordura do bicho. Olhando o prato todo, parecia pouca comida, comendo, foi um banquete.


Vi os turcos fazendo suas orações nas Mesquitas, onde geralmente são também as tumbas dos Sultões, o mercado com azeitonas, queijos, temperos era simplesmente de fazer o coração acelerar, não se consegue não provar um pouco de tudo.
Parece que ninguém trabalha às vezes, estão todos reunidos nas portas dos comércios, cafés e tendas locais em grupos de homens, tomando chá, fumando e batendo papo.

O sonho termina hoje, quando zarpamos novamente com destino final em Veneza, Istambul é misteriosa, seus cheiros e cores são demais.
No trabalho, me frustrei quando a minha mudança de estação de trabalho furou, ainda penso em homicídio e tento não pensar nos doze cruzeiros à frente, dei um leve tapa com luva de pelica no chef executivo hoje e passei a manhã enfurecido com falsas promessas e falta de coragem dele em dizer que estava não me mudando para posições melhores, quando minha vontade era enfiar um espeto de frango do tamanho da minha perna na cabeça dele e torcer. Stress ? Nem vou começar.

Em compensação, isso automaticamente ligou o meu foda-se, trabalhei como se não houvesse amanhã, após ter ido perguntar o que seria de mim e descobrir que de verdade, não importa o suficiente para ser comunicado que as coisas não vão mudar ou que talvez eu gostaria de saber onde trabalhar de manhã, a situação ganha perspectivas engraçadas, ou nenhuma, a não ser de que estarei fazendo as mesmas tarefas chatas mais dois meses como um assistente qualquer.

Vou voltar à masmorra agora. 60 dias após, ainda odeio estar dentro do navio.

Um comentário:

Anônimo disse...

FFFAaaaalllllaaaaaa, a riqueza com que vc detalhou esses seus ultimos dias foi demais.....sem coments heimmmm....abraços, se cuida.....
E as pulgas sumiram ??????????hahahahahahahahah

 
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